Presidente da Confederação Israelita, em evento com Caiado e Tarcísio: “Futuro presidente do Brasil está nessa sala”
25 novembro 2024 às 16h14
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O presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, exaltou os governadores Ronaldo Caiado (UB-GO), Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Cláudio Castro (PL-RJ) durante a 55ª convenção da instituição realizada no sábado, 23, no Clube A Hebraica, em São Paulo. Além disso, ele sinalizou que não convidou Lula.
Durante o jantar, Lottenberg declarou que “não convidou o atual presidente, mas o futuro presidente do Brasil está nessa sala”, em referência aos governadores, todos possíveis pré-candidatos nas eleições de 2026.
No evento, Ronaldo Caiado não apenas foi saudado por Lottenberg, mas também aproveitou para reforçar sua intenção de concorrer à Presidência. Ele afirmou que lançará oficialmente sua candidatura após o Carnaval de 2026, em Salvador, e que, a partir de janeiro, iniciará visitas a cidades do interior para consolidar sua base política.
Em sua fala durante a convenção, Caiado reagiu com desdém ao ser questionado sobre o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito da Polícia Federal que investiga uma trama golpista. “E daí? A vida continua. Não posso ficar preocupado com as pequenas coisas, senão não governo”, declarou, minimizando o impacto do caso.
A fala de Lottenberg gerou aplausos no evento, mas também levantou críticas, sobretudo por parte de grupos que defendem uma abordagem apartidária nas instituições representativas da comunidade judaica brasileira.
O coletivo Judias e Judeus pela Democracia-SP emitiu nesta segunda-feira, 25, uma nota de repúdio às declarações do presidente da Conib, acusando a instituição de abandonar o caráter apartidário que declara seguir.
Segundo o documento, as declarações de Lottenberg “são um desrespeito aos princípios manifestos pela própria entidade, que se apresenta com ‘caráter apartidário e representa os mais diferentes setores da comunidade judaica brasileira'”. O grupo também criticou o que classificou como “alinhamento político oportunista e unilateral”, alertando para os riscos de reforçar estereótipos antissemitas.
A nota destacou que a postura da Conib “cria uma imagem distorcida e artificial de uma comunidade judaica homogênea” e alertou que tal narrativa pode ser prejudicial: “Esse tipo de declaração arrogante dá vazão a delírios antissemitas que consideram judeus desmesuradamente poderosos a ponto de definir presidentes”.
O coletivo também ressaltou a importância de respeitar a pluralidade dentro da comunidade judaica brasileira, composta por aproximadamente 120 mil pessoas.
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