A Polícia Civil (PC) concluiu, nesta sexta-feira, 28, o inquérito e indiciou o médico ginecologista, Fabio Guilherme da Silveira Campos, 73 anos, pelo crime de estupro de vulnerável. De acordo com a PC, houve uma mudança na tipificação porque “ficou claro que a vítima encontrava-se em absoluta vulnerabilidade, totalmente incapaz de oferecer qualquer resistência”.

Além disso, a polícia afirmou que o crime foi tipificado como estupro de vulnerável por conta da posição do exame ginecológico, que torna a movimentação extremamente limitada, pela rapidez do ato e pelo estado de choque que se encontrava.

Ao todo, são 16 vítimas identificadas, mas o inquérito é apenas em relação à primeira vítima, que deu início às investigações. A PC informou ainda que alguns casos os crimes já estão até prescritos.

No relatório final, a polícia também representou pela cassação do registro do médico ao Conselho Regional de Medicina (CRM), além da apreensão de bens para reparação cível das vítimas.

Vítimas adolescentes

Dentre as 16 vítimas identificadas, a PC recebeu relatos de vítimas adolescentes. Em um deles, o autor teria praticado sexo oral na vítima. No outro, a vítima é uma familiar da esposa de Fabio Guilherme, que tinha apenas 14 anos.

O crime teria ocorrido em 1992. Nesse dia, o médico teria a mantido em consulta por cerca de 3 horas, tirado a roupa dela totalmente, tocado seus órgãos genitais e feito com que ela tocasse o órgão genital dele. Durante o ato, a polícia informou que Fabio Guilherme disse à vítima: “Você ainda tem muito o que aprender comigo.”

Após o crime, a vítima contou aos familiares, mas eles não acreditaram e disseram ser “fantasia adolescente”. A mulher em questão não mora atualmente em Goiânia e, ainda conforme a PC, “lida até hoje com os traumas do crime praticado”.

Entre os casos mais recentes, a Polícia Civil identificou vítimas de 2015, 2018 e 2020. Neles, Fabio Guilherme teria praticado os crimes sexuais durante a realização de exame, tocando ou massageando o órgão genital das vítimas, sempre tecendo comentários de cunho sexual. Para uma das vítimas, o médico teria perguntado se ela estava gostando e que era o exame preferido dele.

Relatos

Em exclusividade ao Jornal Opção, uma das vítimas contou como foram os abusos. “Eu estava contando o momento que esse dia ia chegar”. “Ele me fez masturbar ele”. “Ele tirou o membro e ficou passando na minha cintura”. “Ele ficou acariciando meus seios”. “Eu fiquei paralisada”.

O caso ocorreu em 1993, no Cais do Novo Horizonte. Ela contou que foi acompanhada pela mãe na primeira consulta com o médico. “Ele era o médico da minha mãe, era o médico da minha vó”, relata a vítima. Ela diz ainda que a primeira consulta foi normal. “É importante dizer que nessa consulta que estava com minha mãe, ele foi super respeitador”, afirma.

A defesa

O Jornal Opção entrou em contato com a defesa de Fábio Guilherme. Em nota, os advogados afirmaram que acreditam na inocência do médico e que não há provas criminais. Confira a nota na íntegra:

“Em relação aos fatos supostamente ocorridos em 1994, eles foram apurados pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás e também pelo Conselho Federal de Medicina. Nestas duas instâncias as representações formuladas contra o Dr. Fábio Guilherme foram julgados improcedentes, ou seja, ele foi absolvido destas acusações nas instâncias ético-disciplinares. De toda forma, estes fatos não compõem o objeto das atuais investigações e não estão em questão. Quanto à imputação atual, a defesa acredita na absoluta inocência do investigado e – de sua perspectiva – não existem elementos de provas indicativas de responsabilidade criminal. Cabe lembrar que elementos colhidos em sede policial não são submetidos ao contraditório e à ampla defesa e, por essa razão, não podem ser tomados para afirmar-se a responsabilidade criminal do investigado. Por fim, vale aludir que o Dr. Fábio Guilherme é profissional com décadas de experiência, sério e respeitado pelos bons serviços prestados em sua área de atuação.

Quanto à imputação referente a suposto abuso sexual, em tese praticado contra pessoa menor de idade, em razão de decurso de prazo, a punibilidade do investigado, Dr. Fábio Guilherme, se encontra extinta. De modo que não se pode atribuir a ele qualquer responsabilidade criminal, ao contrário, a Constituição Federal presume, expressamente, sua inocência. De todo modo, cabe registrar que a defesa é absolutamente convicta da inocência do investigado, profissional com décadas de experiência, sério e respeitado pelos bons serviços prestados em sua área de atuação.”

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