Pílula que previne HIV chega ao Brasil neste mês. Saiba como funciona
11 dezembro 2017 às 15h35
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Brasil é o primeiro País da América Latina a adotar a estratégia como política de saúde pública
No mês em que é reforçado o alerta à prevenção da Aids, o Sistema Único de Saúde (SUS) deve finalmente começar a distribuir a pílula contra a infecção por HIV. O antirretroviral Truvada como profilaxia pré-exposição (PrEP) é fabricado pela farmacêutica americana Gilead e já era usado há alguns anos no coquetel de tratamento de soropositivos.
A PrEP consiste no consumo diário do medicamento por pessoas que não têm o vírus, mas que estão mais expostas à infecção, como profissionais do sexo, homossexuais, pessoas trans e casais sorodiscordantes (quando apenas um dos parceiros é soropositivo).
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A decisão de distribuir a PrEP tornou-se pública em maio deste ano quando uma portaria do Ministério da Saúde determinou a incorporação do antirretroviral como profilaxia pré-exposição (PrEP) para populações sob maior risco de infecção por HIV.
Em entrevista ao Jornal Opção, a médica infectologista Ana Beatrix Ferreira Caixeta explicou que “quando tomado na dose certa, o medicamento combate o vírus na hora em que a pessoa entra em contato, impedindo a infecção de fato, fazendo com que o vírus não se espalhe”. “Com isso, há grandes chances de se diminuir a epidemia da Aids no mundo”, declarou.
De acordo com o ministério, o Brasil é o primeiro País da América Latina a adotar a estratégia como política de saúde pública. Segundo a médica infectologista “é preciso uso contínuo da profilaxia para que faça efeito”. “Não é pra usar só imediatamente antes de se expor”, orientou.
A médica explicou ainda que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece um tempo mínimo para que se tenha uma proteção efetiva. “Para a relação anal são sete dias e para a relação vaginal no mínimo 20 dias”, definiu.
Prevenção combinada
A estimativa do ministério é que o Truvada seja utilizado no Brasil por cerca de 7 mil pessoas que integram as chamadas populações-chave, no primeiro ano de implantação.
Segundo a especialista, porém, os participantes dos grupos de risco passam por uma segunda triagem para que consigam o medicamento. “Não basta só fazer parte desse público. Esses pacientes passam por avaliação sobre outros fatores de risco para exposição ao HIV, como números de parceiros e condições sociais. É avaliado o real risco desse paciente de se expor ao vírus”, sintetizou.
A PrEP, segundo a pasta, se insere como uma estratégia adicional dentro de um conjunto de ações preventivas que inclui a testagem regular, a profilaxia pós-exposição, a testagem durante o pré-natal e o uso de preservativo, entre outros.
Entretanto, a PrEP não substitui o uso da camisinha. “Vale ressaltar que a profilaxia pré-exposição é algo pra ser associado à camisinha, mas não para substituir. Principalmente porque ela previne apenas a transmissão do HIV e não de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs)”, explicou Ana Beatriz.
Evidências científicas disponíveis demonstram que o uso de antirretrovirais pode reduzir o risco de infecção por HIV em mais de 90%, desde que o medicamento seja tomado corretamente, já que a eficácia está diretamente relacionada à adesão.