PF diz que policial preso era segurança de Lula e repassava informações a golpistas
20 novembro 2024 às 16h13
COMPARTILHAR
O policial federal Wladimir Matos Soares foi preso na terça-feira, 19, acusado de repassar informações sigilosas sobre a segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a aliados de Jair Bolsonaro (PL), segundo a Polícia Federal (PF).
Durante a transição de governo, Wladimir, que integrava a equipe de proteção de Lula, teria compartilhado dados pessoais de um agente de segurança do presidente eleito e mantido contato com o capitão da reserva Sérgio Rocha Cordeiro, ex-assessor especial de Bolsonaro, também investigado por planejar um golpe de Estado.
De acordo com a PF, o policial federal afirmou, em mensagens enviadas a Cordeiro, estar preparado para defender Bolsonaro e aguardava a “canetada” do então presidente para apoiar a tentativa de golpe.
Em uma dessas mensagens, ele declarou: “Eu e minha equipe estamos com todo equipamento pronto [sic] para ir ajudar a defender o palácio e o presidente. Basta a canetada sair!”
O relatório da PF aponta que Wladimir utilizou sua posição na equipe de proteção de Lula para compartilhar informações sensíveis com bolsonaristas. Entre os dados repassados estavam imagens e áudios relacionados a militares envolvidos na segurança do presidente eleito, como o caso de Misael Melo da Silva, segundo-sargento reformado.
Misael teria se hospedado em um hotel próximo a Lula e mantido sigilo sobre sua identidade. Wladimir, por sua vez, compartilhou informações sobre sua possível ligação com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
A prisão de Wladimir ocorre em um contexto de escalada de tensões durante a transição de governo. No dia anterior ao incidente relatado, bolsonaristas tentaram invadir a sede da PF em Brasília, em uma tentativa de libertar o cacique Serere Xavante, preso por atos antidemocráticos. O episódio resultou em vandalismo e reforçou a segurança de Lula.
Documentos da investigação revelam que o plano do golpe de Estado incluía assassinatos de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. A PF afirma que Wladimir demonstrou “aderência subjetiva à ruptura institucional” ao se colocar à disposição do grupo golpista.
O caso segue em investigação, com o relatório da PF indicando que Wladimir “atuou em unidade de desígnios com a organização criminosa”, contribuindo com informações estratégicas que poderiam subsidiar ações golpistas.
Leia também: