Paciente morre com suspeita de H1N1 no Cais Vila Nova

04 abril 2018 às 20h47

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Na mesma unidade, outras três pessoas estão isoladas e aguardam resultado de exames para constatar a suposta contaminação pelo vírus

Isolado na sala de reanimação do Centro de Assistência Integrada à Saúde (Cais) Vila Nova desde as 2 da madrugada, o técnico em informática José Nilton Pereira, de 40 anos, morreu com suspeita de H1N1 na tarde desta quarta-feira (4/4) à espera de vaga em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Pereira não resistiu às cinco paradas cardiorrespiratórias, de acordo com a equipe médica. Outros dois pacientes estão isolados em salas improvisadas na unidade. Uma pessoa foi colocada em um consultório médico e a outra na sala de curativos. Um terceiro, que chegou às 19 horas, está internado no mesmo espaço no qual José morreu.
O namorado do técnico, José Santos de Souza, de 28 anos, contou ao Jornal Opção que os dois procuraram o Cais Vila Nova na terça-feira (3), mas foram encaminhados ao Centro de Atendimento de Campinas. “Lá, um médico não quis atender. Disse que injetaria dipirona e pronto”, relata Souza.
O paciente que faleceu sentia muitas dores no peito e náuseas. “Ele estava gripado, mal conseguia falar lá no Campinas”, lembra o namorado. Sem saber para onde ir, os dois decidiram procurar a rede particular. “Fomos para o Hospital São Francisco, mas quando o caso piorou e não teríamos condições de pagar, ficamos desesperados”, lembra.
“Um médico pediu até pelo amor de Deus para algum Cais internar o José e então voltamos para o Cais Vila Nova”, lembra Souza a peregrinação de Pereira por atendimento, com quem se casaria em breve. “Ele chegou aqui com desconforto respiratório, muito fraco mesmo”, conta uma enfermeira da unidade.
Na reanimação em que estava Pereira, o condicionador de ar está queimado e uma mancha de mofo deixa um cheiro forte no lugar. “Estes locais são inapropriados para os pacientes que deveriam estar isolados em UTIs”, alerta uma técnica de enfermagem.

Já outra profissional relata que a paciente que está na sala de curativos tem preocupado os funcionários. “Ela está colocando todos em risco porque sai várias vezes do isolamento sem máscara”, reclama.
Todas as pessoas que permaneciam na unidade durante a tarde utilizavam máscaras. “Não entendi o motivo de todos estarem usando isso”, questiona uma mulher que foi levar a filha de 7 anos. “Aqui tem duas pessoas com H1N1. E aquele ali morreu”, diz um rapaz ao ajeitar a máscara e apontar para o corpo de Pereira, que era conduzido pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO).
“Eu vou para casa”, diz a mãe, segurando as mãos da filha, sem olhar para trás. Procurada, a Prefeitura de Goiânia não se manifestou até o momento sobre o caso.