O Supremo Tribunal Federal (STF), publicou decisão que quebra sigilo de reunião gravada por Alexandre Ramagem, pré-candidato a Prefeito do Rio de Janeiro, e o ex-presidente Jair Bolsonaro. O teor da reunião, de acordo com a gravação, são medidas de proteção ao senador e filho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro, suspeito de ‘rachadinha’. O sigilo foi derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes.

As gravações foram encontradas durante investigação da Polícia Federal sobre suposto esquema de espionagem ilegal por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem foi diretor da Abin durante o mandato de Bolsonaro e teria gravado a reunião sem o conhecimento de outros participantes.

A reunião teria ocorrido no dia 25 de agosto de 2020 e teve como participantes as advogadas Juliana Bierrenbach, o então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, o então diretor da Abin Alexandre Ramagem e o ex-presidente Jair Bolsonaro.

De acordo com a PF, a conversa está relacionada ao uso ilegal da Abin para conseguir informações sobre a investigação da qual o senador Flávio Bolsonaro foi alvo pelo suposto crime de ‘rachadinha’, quando ele ainda era deputado estadual. A advogada de Flávio, que não teve o nome citado, também teria participado da conversa. Porém, no ano de 2021, a apuração foi anulada pela Justiça. 

“Neste áudio, é possível identificar a atuação de Alexandre Ramagem indicando, em suma, que seria necessário a instauração de procedimento administrativo contra os auditores da Receita com o objetivo de anular a investigação, bem como retirar os auditores de seus respectivos cargos”, aponta o relatório.

O áudio é uma das provas usadas pelos agentes como justificativa para as diligências da última quinta-feira, 11, que resultou na prisão de cinco investigados, entre eles: Mateus de Carvalho Sposito, ex-funcionário da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, o empresário Richards Dyer Pozzer, o influencer digital Rogério Beraldo de Almeida, Marcelo Araújo Bormevet, policial federal, e Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército.

Defesa

Pelas redes sociais, o senador Flávio Bolsonaro disse que não tinha relações com a Abin e que a divulgação do relatório de investigação foi feita para prejudicar a candidatura de Ramagem à Prefeitura do Rio de Janeiro.

“Simplesmente não existia nenhuma relação minha com Abin. Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter. A divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura do delegado Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”, afirmou.

Ouça o áudio na íntegra

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