Oposição trava o Congresso e dá uma banana ao país para proteger Bolsonaro

05 agosto 2025 às 18h19

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Brasília hoje pegou fogo, pra variar. O caos da vez, claro, teve origem na movimentação dos parlamentares bolsonaristas, que decidiram sentar às mesas dos plenários do Senado Federal e da Câmara dos Deputados para travar as sessões justamente no dia em que o Congresso retomaria seus trabalhos.
Numa cena que beirou o patético, pra não usar palavra mais precisa, parlamentares colaram esparadrapos na boca (e alguns até nos olhos) para encenar que estavam sendo vítimas de “censura”. Isso mesmo: censura. Eles, que têm falado aos quatro cantos e que agora, sem nenhum impedimento, obstruem pautas urgentes para o país, agora posam de vítimas silenciadas.
A lista de temas que precisam ser pautados neste semestre no Legislativo federal é extensa, cada um com impacto gigantesco em diferentes áreas do país. Entre elas: a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil; a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO, de 2026; a taxação das chamadas bets e a tributação de títulos de investimentos hoje isentos, como a Letra de Crédito Agropecuário; a autorização de mineração em terras indígenas, pauta para a qual foi criado um grupo de trabalho (GT) para apresentar proposta para regular mineração em territórios indígenas, entre muitas outras pautas.
No entanto, ao que tudo indica, a bancada bolsonarista decidiu dar uma banana para o Brasil e eleger como prioridade máxima no Legislativo a defesa do clã Bolsonaro. Cientes de que o líder da família “mais honesta” do Brasil está mais próximo do que nunca de ser preso (na cadeia) e condenado por seus crimes, uma parcela dos parlamentares decidiu partir para o ataque.
Réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro teve a prisão domiciliar decretada nesta semana, provocando a choradeira dos extremistas de plantão. Agora, sabendo que o líder do clã está mais próximo do que nunca de ser preso (na cadeia) e condenado por seus crimes, seus seguidores resolveram agir com o habitual vitimismo e espetáculo.
O protesto dos parlamentares soa não só desrespeitoso com a população, ao travar pautas que são urgentes para a sociedade, mas também completamente incoerente. Afinal, cada movimentação no processo contra Bolsonaro tem origem no Poder Judiciário e não tem absolutamente nenhuma relação com os trabalhos do Legislativo.
Ou melhor: não deveria ter. O objetivo final é emplacar de um jeito ou de outro a pauta da anistia, algo que, definitivamente, não tem nenhum apelo de prioridade neste momento.
Ao tentar empurrar goela abaixo uma pauta rejeitada pela maioria da população (segundo o Datafolha, 55% dos brasileiros são contra a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, enquanto apenas 35% apoiam), deputados e senadores bolsonaristas escancaram sua verdadeira prioridade: não é o país, é a proteção de uma única família, mesmo que isso custe o prejuízo de milhões de outras.