O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que a população do Oriente Médio enfrenta o perigo real de um “conflito devastador em grande escala” e apelou à “máxima contenção”, frisando que “é hora de recuar do abismo”. Durante sua fala, no último domingo, 14, Guterres alertou que os civis já estão “pagando o preço mais elevado”. O discurso aconteceu após ataque do Irã a Israel no fim de semana, no qual o Embaixador de Israel no Brasil criticou o posicionamento do Itamaraty frente os conflitos.

O Irã justificou seu ataque como um ato de retaliação pelo bombardeio do seu consulado em Damasco. Já Israel afirmou que se reserva o direito de responder aos ataques iranianos. A mensagem do diplomata português foi reforçada com o lembrete de que o Direito internacional proíbe “ações de retaliação que incluam o uso da força”, no que pode ser entendido como um apelo tanto ao Irã como a Israel.

“É hora de recuar do abismo. É vital evitar qualquer ação que possa conduzir a grandes confrontos militares em múltiplas frentes no Oriente Médio”, apelou Guterres em reunião do Conselho de Segurança. O embaixador iraniano nas Nações Unidas, Amir Saeid Jalil Iravani, declarou que seu país “não teve outra escolha senão exercer o seu direito à autodefesa”, ao justificar o ataque sem precedentes a Israel.

Para o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, seu país tem agora direito à retaliação, apesar dos apelos do secretário-geral e de todos os países para que ambos os lados se contenham, e pediu “todas as sanções possíveis” ao Irã, “antes que seja tarde”.

Estados Unidos

O representante adjunto dos Estados Unidos na ONU, Robert Wood, expressou a necessidade de condenar o ataque do Irã a Israel perante o Conselho. Ele enfatizou o interesse dos EUA em reduzir a tensão na região e anunciou que explorarão medidas adicionais para responsabilizar o Irã nas Nações Unidas. Wood destacou que os EUA buscam evitar uma escalada e pediu um cessar-fogo na Faixa de Gaza, um acordo para a libertação de reféns e um aumento da ajuda humanitária à população local.

O Irã lançou um ataque a Israel na noite de sábado, usando mais de 300 drones, mísseis de cruzeiro e balísticos, sendo a maioria interceptados pelas forças israelenses. Esse ataque ocorreu após um bombardeio atribuído a Israel ao consulado iraniano em Damasco, em 1º de abril, que resultou em mortes de membros da Guarda Revolucionária e cidadãos sírios.

Num comunicado transmitido pela televisão estatal iraniana, o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã confirmou ter lançado dezenas de drones e mísseis contra alvos em Israel. Num discurso de sábado à noite aos israelenses, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, disse que o seu país estava pronto para “qualquer cenário, tanto defensiva como ofensivamente”.

“Determinámos um princípio claro: quem nos prejudicar, nós iremos prejudicá-los. Iremos defender-nos contra qualquer ameaça e faremos isso com equilíbrio e determinação”, disse Netanyahu. O lançamento foi confirmado pela Casa Branca, onde um porta-voz disse que o presidente Biden monitoraria o ataque a partir da Sala de Situação ao lado de altos funcionários da defesa e da diplomacia.

O Irã fornece fundos e armas ao Hamas. A Casa Branca não ligou directamente o Irã ao ataque de 7 de Outubro. Nos seis meses que se passaram, Israel bombardeou Gaza e conduziu uma invasão terrestre devastadora que deixou grande parte do território em ruínas e mais de 33.000 palestinianos mortos, segundo autoridades de saúde palestinianas.