O susto de petistas não levou em conta a missão do secretário a serviço do ex-presidente

28 junho 2014 às 11h42
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No meio da semana saiu a informação de que Gilberto Carvalho deixaria a Secretaria Geral da Presidência para atuar na campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff junto aos movimentos sociais. O secretário negou. Esclareceu que, no atual governo, o seu lugar de trabalho é no palácio, onde está há 11 anos e meio.
A informação surgiu como espécie de pressão sobre Carvalho, ainda na onda de pessoas surpreendidas e agitadas com a fala dele aos blogueiros, que teria incomodado Dilma. Ela estaria surpresa, como outros petistas, com a autonomia daquele discurso dentro do Planalto em horário de expediente.
As pessoas esquecem que Carvalho trabalhou como chefe de gabinete do presidente durante os oito anos de mandato de Lula, que depois o legou à sucessora como secretário-geral. Além de receber do antigo chefe a incumbência informal de ser o seu elemento de ligação com o palácio. Em outras palavras, Carvalho acompanha o que se passa por ali e relata ao ex.
Era uma posição que incomodava a presidente. No início, ela queria afastar o companheiro ali presente atentamente. Não conseguiu. Tentou então ignorá-lo. Foi convencida a aproximar-se mais do secretário. Aproximou-se, mas Dilma guarda suas confidências para Giles Azevedo, conselheiro e chefe de gabinete de Dilma até março, quando se afastou para atuar na campanha.
Nessa condição, Carvalho expressa muito mais as ideias e intenções de Lula do que cogitações de Dilma. Assim, reuniu os companheiros blogueiros para transmitir um recado do ex. Como se comentou aqui na semana anterior, entre a fala de Lula e a correção de Carvalho ocorreu a mais recente pesquisa do Ibope.
O projeto de Lula ao atacar elites era fazer de Dilma uma vítima do processo eleitoral, num recurso para reerguer o prestígio da presidente. Não funcionou. Sondagens informais em torno dos dados preliminares da pesquisa informaram que o ataque prejudicou a presidente mais do que aos seus dois principais concorrentes, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB).
Acionado pelo ex, Carvalho entrou em ação e, na véspera da divulgação do resultado da pesquisa, passou o recado pelos blogueiros. No outro dia, quando os meios eletrônicos espalhavam os números do Ibope, os jornais publicavam a correção de rumo feita por Carvalho como se fosse algo por conta e risco do próprio, inclusive a responsabilização da mídia pelas denúncias de corrupção.