Em 2012, eu estava passeando pelas ruas do Rio de Janeiro e fui até a Livraria Leonardo Da Vinci. Para chegar até lá, tem que descer uma rampa em formato de caracol, pois a livraria fica no subsolo do Edifício Marquês do Herval, na Avenida Rio Branco. Não tem como não descer aquela rampa não lembrar do filme que Fernando Sabino fez mostrando Carlos Drummond de Andrade passando por ali rumo à Da Vince.

Conheci a famosa livraria, comprei uns livros e, antes de ir embora, vi que, logo ao lado, tinha um sebo chamado Beringela. Fui lá ver o que tinham para me oferecer. É cada preciosidade que a gente encontra, mas que, não podemos levar não é por causa do dinheiro, mas porque não cabem na mala. Olhando por aquelas prateleiras, eis que um livro me chamou a atenção. Não pelo seu título, que estava apagado, mas pelo seu autor: Gilberto Mendonça Teles. Que surpresa! Era o encontro de dois goianos em um sebo no Rio de Janeiro.

O livro se chama “A Raiz da Fala”. Retirei-o da prateleira, abri a primeira página e eis minha segunda surpresa: o exemplar estava autografado pelo próprio Gilberto Mendonça Teles para a Professora Suzana Gonçalves no dia 12 de novembro de 1974. Na hora peguei o livro e já levei para o caixa. Aquela preciosidade seria minha para sempre. É uma pena que eu não conheci Gilberto Mendonça Teles pessoalmente para ele fazer a minha dedicatória no mesmo livro. Já pensou dois autógrafos dele num espaço de 50 anos?

Gilberto Mendonça Teles foi um dos principais nomes da nossa cultura ao lado do seu irmão José. Ele foi amigo do Carlos Drummond de Andrade, conheceu a intelectualidade nacional nos anos 1970 e era presença confirmada no “Sabadoyle”, como eram chamados os encontros literários na casa do bibliófilo Plínio Doyle, em Ipanema. Gilberto era goiano do pé rachado, mas fez do Rio de Janeiro o seu segundo lar.

Infelizmente nós perdemos o nosso grande escritor na noite de ontem. Mas, se os escritores se materializam em seus livros, podemos encontrá-los pelas estantes das bibliotecas e das livrarias seja aqui em Goiânia, seja lá no Rio de Janeiro.

Livro autografado | Foto: Arquivo