No dia de Finados, portaria antivacina é uma ode à morte
02 novembro 2021 às 10h41
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Decisão de Onyx Lorenzoni sobre proibir demissão de quem não se vacina mostra a essência do governo Bolsonaro
Na conjuntura atual, em qualquer lugar do mundo civilizado em que se editasse uma portaria pela qual se proibisse a demissão de pessoas não vacinadas simplesmente por opção, o responsável por tal imbecilidade é quem seria posto para fora.
No governo terraplanista de Jair Bolsonaro, ocorre o contrário. Quem faz esse tipo de acinte sanitário recebe elogios. É o que o ministro do Trabalho, o veterinário Onyx Lorenzoni, está colhendo por lá após publicar a Portaria nº 620, pela qual empregadores não poderão dispensar funcionários que não comprovem ter recebido a imunização contra a Covid-19.
O fato ocorre dias depois de, por exemplo, a Prefeitura de São Paulo demitir servidores que não foram vacinados.
Mas, convenhamos: depois de quase três anos de desgoverno, garantir o direito de negacionistas poderem infectar colegas com um vírus mortal é algo que se espera dentro da lógica bolsonarista – a mesma que demorou o quanto pôde para comprar vacinas e que repele o uso de máscaras, algo que seria apenas “frescura”.
Também é o mesmo governo que quer tirar radares das estradas, quis desobrigar o uso das cadeirinhas para crianças nos carros, incentiva madeireiros e garimpeiros a atuar na clandestinidade e gostaria que todos comprassem um fuzil mesmo que para isso convivessem com a fome. Jair Bolsonaro e seu séquito se regozijam com a liberdade de matar e de morrer.
Repetindo: a portaria de Onyx – aquele que disse que não adiantava fazer lockdown porque formigas, baratas e outros bichos transportariam o vírus para além dos bloqueios – chancela oficialmente o direito dos sem-vacina de infectar os colegas vacinados.
Isso a despeito do que diz a própria Constituição e, como bem lembrou o colunista Josias de Souza, do portal UOL, do que já decidiu o Supremo Tribunal Federal e também outras instâncias inferiores.
O governo federal, puxado pelo mandatário maior, insiste em confundir “liberdade” de não querer se vacinar à imposição do desejo desses “livres” sobre a vida dos demais – até porque vacinado também pode ficar doente e porque tem gente que nem se vacinar pode, embora quisesse, por motivos de saúde.
No dia de Finados, é importante lembrar quantos não estão aqui porque foram vítimas deste governo da morte. São centenas de milhares. Uma perfeita tanatocracia.