A aproximação das urnas de outubro estimula a criatividade sem limite, nem ética. A presidente Dilma Rousseff ainda não era uma especialista no íntimo de candidaturas eleitorais quando discursou num palanque de inauguração de obra em João Pessoa e confessou que vale tudo numa ocasião como esta: — Nós podemos disputar eleição, nós podemos brigar na eleição, nós podemos fazer o diabo, quando é a hora da eleição. E olha que estávamos a 19 meses das urnas da reeleição e a presidente se dedicava à campanha com um discurso onde prometia que tudo seria possível para satisfazer uma população e líderes regionais ansiosos pelas atenções do poder. Há uma semana, o repórter Daniel Bramatti alertou que o presidenciável Aécio Neves (PSDB) seria agraciado com uma gentileza do Instituto Sensus, que ressurgia do ostracismo com uma pesquisa a respeito da corrida presidencial. Nas pesquisas anteriores, em 2010, o instituto submetia os nomes dos candidatos aos eleitores na forma de um disco, onde todos os concorrentes tinham a mesma chance de serem observados e reconhecidos pelos simpatizantes. Agora, não. Os nomes foram submetidos aos eleitores numa lista em ordem alfabética, onde Aécio Neves (PSDB) despontava antes de Dilma Rousseff e de Eduardo Campos (PSB). Bingo! Aécio recebeu 23,7% das preferências. Dilma, em primeiro lugar com 35 pontos, teria o tucano ao lado numa segundo turno. Campos ficou com 11%. O diretor do Sensus, sociólogo Ricardo Guedes, confirmou previamente que a pesquisa foi feita para a revista “IstoÉ”, mas só poderia explicar a preferência pela lista de nomes, em vez do tradicional disco, depois de divulgado o resultado. Ficou devendo.