Especialista defende que pais precisam abrir maior diálogo com filhos para combater violência nas escolas

IML retira corpos dos alunos mortos no colégio | Foto: Yago Sales/ Jornal Opção

Mayara Carvalho

Após a tragédia que aconteceu no Colégio Goyazes em Goiânia nesta sexta-feira (20/10), quando um aluno de 14 anos atirou em colegas, o Jornal Opção ouviu a psicóloga especialista em bullying, Dalma de Almeida, que falou como essa prática pode afetar, em especial, adolescentes.

Segundo a especialista, as vítimas de bullying no geral se sentem acuadas, menosprezadas, diminuídas, o que pode ser um disparador da violência. “A criança se traumatiza a tal ponto que pode levar à depressão, auto-estima baixa, crise existencial e também à violência”, avalia.

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Para ela, o jovem autor dos disparos, além de sofrer com o bullying, pode agora sofrer ainda mais com as consequências da tragédia: “Nada justifica o que ele fez, mas ele estava sofrendo. E se ele não tiver nenhum problema mental, neurológico, e agiu no impulso, ele vai se questionar por sua atitude e se culpar”.

Para evitar que tragédias como essa aconteçam, Dalma Ribeiro diz que é preciso melhorar o diálogo em casa e incentivar os jovens a participarem mais da família. “A maioria dos adolescentes são muito introspectivos, já tem o comportamento de ficar trancado no quarto, na internet, no celular. Falta comunicação com a família, e isso dificulta, muitas vezes, os pais perceberem que o filho está sofrendo com o bullying”, pondera.

Na manhã desta sexta-feira (20/10), o atentado deixou dois adolescentes mortos e cinco gravemente feridos em um colégio no Conjunto Riviera, em Goiânia (GO), após um aluno do oitavo ano abrir fogo contra colegas de sala. Segundo a Polícia Militar de Goiás (PM-GO), o garoto levou uma arma para a escola e efetuou vários disparos.

A especialista ressalta ainda o papel da escola para impedir que situações como essa se repitam. “Acho que a grande questão agora é perguntar o que as escolas vão fazer com relação a esses jovens que estão sofrendo. Podem, por exemplo, evitar que alunos entrem com arma de fogo, mas a discussão tem que ser mais profunda”, analisa.

Quanto aos agressores, a psicóloga diz que a prática do bullying, muitas vezes, busca ganhar status entre os colegas: “O agressor é covarde porque ele usa do ponto fraco da vitima para ofender e alcançar um status de ‘engraçado’ e ser popular.”

Apesar de estar cada vez mais conhecido, a psicóloga ressalta que o bullying não pode ser banalizado. “Para ser bullying é preciso que a prática tenha repetitividade, frequência, consonância e tem, também, que ter um  público que assista às ofensas”, explica.