Integrantes do TZB, localizado na Vila Brasília, publicaram um vídeo resposta à promessa do petista de “substituir clubes de tiro por clubes de livro”

Reprodução de vídeo postado pela escola e clube TZB | Twitter

Integrantes de um clube de tiro em Aparecida de Goiânia aproveitaram uma fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), pré-candidato ao Palácio do Planalto, para, em tom de deboche, mostrarem armas e dizerem que adoram o político, principal adversário de Jair Bolsonaro (PL), atual chefe do executivo federal, nas eleições de outubro deste ano. Os membros do TZB, localizado na Vila Brasília, publicaram em uma rede social vídeo resposta à promessa do petista de “substituir clubes de tiro por clubes de livro”.

“Oi, Lula! A gente já começou o clube do livro aqui do TZB, em Goiânia. A gente adora você, cara. Olha que livro bonito”, ironiza Paulo Bilynskyj, instrutor de tiros, delegado da Polícia Civil de São Paulo e professor da Estratégia Concursos, enquanto outras pessoas mostram armas dentro de caixas em formato de livros. Paulo, inclusive, se envolveu em uma briga, em 2020, no prédio onde Lula reside, o Hill House, em São Bernardo do Campo, em São Paulo; na qual ele foi baleado e a namorada dele, a modelo Priscila Delgado de Barros, de 27 anos, encontrada morta com marcas de tiros. O caso segue em investigação.

A publicação da escola e clube de tiro dividiu opiniões. Júlio Moreira, por exemplo, disse que em um dos livros haveria “uma receita de encher presunto com azeitonas”. Já Edgard Bonanata afirmou que gostou dos livros por terem “ação, romance e terror para todos os gostos”. Por outro lado, internautas demonstraram preocupação com os efeitos do vídeo. Ele temem que o Supremo Tribunal Federal (STF) considere a publicação como ameaça ao pré-candidato. “Aí, essa postagem cai nas mãos dos olheiros e está feita a confusão. Você vai ficar famoso e os bolsonaristas com fama de pistoleiros, fascistas, assassinos… vão fazer a festa. A imprensa vermelha vai adorar”, escreveu Rô Geraldes. “Não me leve a mal, só estou prevendo uma situação que pode se transformar em uma coisa séria e te prejudicar”, continuou.

A postagem do clube de tiros localizado em Goiás não foi a única reação à promessa do político de extinguir esse tipo de agremiação, caso saia vitorioso das eleições presidenciais deste ano, feita no último dia 02, durante o Congresso Eleitoral do Psol, no qual foi hipotecado o apoio da sigla à corrida de Lula à Presidência da República. Na ocasião, o petista disse: “se preparem, porque esses clubes de tiros que foram criados vão fechar, vamos criar clubes de leitura. Em vez de tiros, nós teremos livros. Vamos espalhar bibliotecas pelo país. Vamos trocar armas por livros”. A fala incomodou os armamentistas.

Entre outros, um vídeo publicado pela odontóloga mineira Beth Prado, mostra um cidadão arremessando a biografia de Lula em um treinamento de tiros. O próprio deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, criticou a proposta. “Lula não critica o tráfico e o crime. Sua preocupação é fechar clubes de tiro, mesmo que sejam ambientes familiares e que forneçam treinamento para civis, policiais e militares. A quem interesse menos treino? Menos preparo?”, questionou. No entanto, apenas a publicação do clube de Aparecida de Goiânia gerou debates na internet sobre ameaça e a possibilidade de responsabilização judicial sobre a questão.

Antes das reações à proposta de fechar os clubes de tiro, em março do ano passado um empresário do interior de São Paulo praticou tiro ao alvo enquanto proferia ofensas a Lula e depois perguntou se ele entendeu o recado. O caso passou a ser investigado pela polícia no mesmo mês, após determinação do agora ex-governador de São Paulo e pré-candidato à presidência, João Doria (PSDB). Na época, o tucano disse que o vídeo “atenta contra a segurança e a integridade física do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva”.

Outros casos estão em investigação. No dia 13 de abril, a Polícia Civil de São Paulo começou a apurar supostas ameaças de morte contra o ex-presidente feitas por meio do site do Partido dos Trabalhadores. A abertura de inquérito foi autorizada pelo delegado da Delegacia de Crimes Eletrônicos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Laércio Ceneviva Filho.