Mauro Cid reafirma o conteúdo da delação no STF; entenda cronologia dos fatos
23 março 2024 às 09h19
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Na última sexta-feira, 22, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro que voltou a ser preso, reafirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o conteúdo da delação premiada que assinou com a Polícia Federal (PF). Durante a audiência, Cid confirmou que enviou um áudio a amigos como um “desabafo”.
Mais uma vez reiterando o que foi dito, e contrariando o que disse nas mensagens, ele reafirmou que decidiu espontaneamente delatar os fatos que presenciou durante o governo Bolsonaro e que não houve pressão da PF ou do Judiciário para fazer as acusações.
Ele foi chamado a prestar depoimento após a revista Veja publicar áudios em que ele critica a atuação do ministro Alexandre de Moraes e da Polícia Federal. No início da tarde do mesmo dia, após ser ouvido, Cid foi preso e desmaiou durante o ocorrido. A prisão foi determinada por obstrução de Justiça ao falar sobre a delação nos áudios com terceiros e pelo descumprimento de medidas cautelares impostas por Moraes.
Segundo a reportagem da Veja, Cid afirmou que foi pressionado pela PF a delatar episódios dos quais não tinha conhecimento ou que não aconteceram. O ex-ajudante também teria dito, segundo a publicação, que a Procuradoria-Geral da República e Alexandre de Moraes, relator das investigações, têm uma “narrativa pronta” e estariam aguardando apenas o momento certo de “prender todo mundo”.
Após a divulgação da matéria de Veja, a defesa de Mauro Cid, em comunicado, não negou a autenticidade dos áudios. Os advogados disseram que as falas “não passam de um desabafo em que relata o difícil momento e a angústia pessoal, familiar e profissional pelos quais está passando, advindos da investigação e dos efeitos que ela produz perante a sociedade, familiares e colegas de farda”.
Relembrando o caso
A investigação sobre Mauro Cid teve inicio em maio de 2023, quase um ano atrás. Ele foi detido preventivamente por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontado como um dos integrantes de um esquema de fraude de cartões de vacina.
Mauro Cid foi acusado de fraudar cartões de vacinação e inserir informações falsas nos sistemas do Ministério da Saúde. Ele foi solto pelo ministro do STF Alexandre de Moraes após, aproximadamente, quatro meses detido.
- 28 de Agosto de 2023: A Polícia Federal ouve Mauro Cid sobre a atuação do hacker Walter Delgatti Neto.
- 9 de Setembro de 2023: O STF homologa o acordo de delação premiada de Mauro Cid. No mesmo dia, ele deixa a prisão após a decisão de Alexandre de Moraes.
- 18 de Janeiro de 2024: A CGU conclui que o certificado de vacinação de Bolsonaro é falso. O ex-presidente não estava em São Paulo no dia informado no cartão. Além disso, o lote do imunizante que consta no sistema do Ministério da Saúde não estava disponível naquela data na Unidade Básica de Saúde.
- 8 de Fevereiro de 2024: Investigações da PF apontam que Bolsonaro pediu e aprovou mudança em minuta que previa golpe. O ex-presidente convocou reunião com comandantes das Forças Armadas para apresentar minuta e pressioná-los a aderir ao golpe de estado, o encontro ocorreu no dia 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada.
- 22 de Março de 2024: Mauro Cid é novamente detido após audiência no STF. O ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão depois do novo depoimento prestado por Cid na sala de audiência da corte.
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