Cerca de 15 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar (PM), participaram de manifestação organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) na noite de hoje (22), na capital paulista. O protesto contra os gastos para realização da Copa do Mundo saiu do Largo da Batata, zona oeste, e percorreu em torno de 5 quilômetros até a Ponte Octávio Frias de Oliveira, na zona sul. No trajeto, a passeata interrompeu o trânsito em vias importantes, como a Avenida Faria Lima e a Marginal Pinheiros.

Apesar da chuva, os manifestantes permaneceram animados, tanto pelo carro de som quanto pelos gritos de guerra característicos do movimento. “Pisa ligeiro, pisa ligeiro. Quem não pode com a formiga, não atiça o formigueiro”, cantava o coro da passeata. O ato teve ainda a adesão do Movimento Passe Livre, do Comitê Popular da Copa e do movimento Se Não Tiver Direitos Não Vai Ter Copa, dentre outros.

A manifestação mostra, segundo o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, que há uma insatisfação crescente sobre a forma como foi organizado o Mundial. “É um processo crescente de luta, que expressa a indignação dos trabalhadores sem teto, em particular. Mas nós vimos várias outras categorias. Os condutores e os professores em São Paulo estão em greve. Várias categorias pelo país começam a se perguntar: Empresário ganhando, empreiteiro ganhando, e onde fica a gente? Queremos a nossa fatia desse bolo”, ressaltou.

De cima do carro de som, Boulos convocou a multidão a continuar pressionando o Poder Público para solucionar o problema da falta de moradia. “Ou o dinheiro para construir as casas vai aparecer agora, ou o junho da Copa vai virar o junho vermelho”, disse em referência à cor das bandeiras e camisas do MTST. “Não adianta fazer Copa do Mundo, encher os nossos olhos, e achar que a gente, sem ter os nossos direitos, vai se calar e ficar assistindo futebol”, declarou.

A maior parte dos participantes do ato eram membros das ocupações promovidas pelo movimento em diversos pontos da capital paulista. Entre eles, o pedreiro Ivanilson Moreira, que veio da ocupação Dona Déda, no Campo Limpo, zona sul. “Não estava mais conseguindo pagar o aluguel do barraco”, contou. “Espero conseguir um apartamento que possa pagar”.

Desempregada, Rosemeire de Jesus disse que tem feito bicos para conseguir saldar o aluguel de R$ 450 de sua residência, em Paraisópolis, zona sul. “O córrego passa em baixo da casa. Tem rato para todo lado, e quando chove pode desabar. E ainda tem que pagar o aluguel. Fica difícil”, reclamou a militante que vive no barraco com dois filhos.

Ao final do ato, Boulos avisou que a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos havia disponibilizado trens extras para facilitar o transporte dos participantes. “Essa foi, sem dúvida nenhuma, a maior manifestação na cidade de São Paulo neste ano”, afirmou.