Lula se afasta da candidata na campanha que não vai para frente nem para trás

19 julho 2014 às 12h12

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A Copa chegou, rolou e foi embora, mas deixou sequelas no PT, que devem aumentar diante do crescimento da rejeição à presidente Dilma de 32% para 35% entre as duas pesquisas do Datafolha antes e depois do desfecho da Copa.
Lula ainda não embarcou na campanha pela reeleição da sucessora. Campanha que, na opinião de companheiros que cercam o ex-presidente, não vai para frente nem para trás. Lula tem algo a ver com essa paralisação. Recusou-se a chefia da campanha e disse que preferia fazer um esforço paralelo ao circuito de palanques da companheira.
Como ocorreu no mundial de futebol, Lula continua sem acompanhar a presidente em atos públicos. Enquanto isso, ambos disputam o controle da campanha como corredor de passagem para o domínio de um possível governo reeleito.
Eles não se defrontam em pessoa, mas cada um tem o seu grupo de companheiros empenhados na disputa pelo mando da campanha. Nitidamente, surgem duas correntes em confronto, a dilmista e a lulista.
A separação se tornou mais visível depois das hostilidades a Dilma nos estádios da Copa. Desde a abertura do campeonato em 12 de junho, alimentam-se rancores no PT que empurram o ex para um lado e a atual para outro.
No torneio pelo mando, dilmistas escalam o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho como o símbolo do poder a ser esvaziado. Os lulistas miram o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante.
As brasas ainda ardem no rescaldo das ofensas a Dilma no Itaquerão, quando a presidente atribuiu a manifestação a elites. Seis dias depois, 18 de junho, em entrevista a blogueiros amigos, Carvalho disse que a hostilidade não era apenas da elite branca. Dois dias depois, Lula endossou a fala do secretário, contestando a presidente.
Dilma não gostou. Comprou briga nos bastidores. Não admite a desenvoltura com que Carvalho atua no Planalto em nome dos interesses lulistas, ainda mais para contestar a presidente naquela reunião de duas horas com blogueiros no palácio durante o expediente.
É a missão do secretário no Planalto, representar os interesses de Lula, que o colocou na secretaria-geral. Carvalho apenas expressa aquilo que Lula gostaria de manifestar pessoalmente, mas se cala. Dilma sabe que o buraco é mais em cima. Finge, porém, que é mais embaixo mesmo.
Para afastar o secretário do palácio, renovam-se na imprensa as informações anônimas de que ele vai sair para trabalhar na campanha da reeleição junto aos movimentos sociais – como no Planalto. No início, Carvalho negava. Depois passou a admitir que pode cuidar da campanha, mas nas horas vagas, fora do expediente na secretaria.
Os lulistas reagiram. Desejam que Aloizio Mercadante, sem deixar a Casa Civil, vá arregaçar as mangas também na campanha. Afirmam que campanha precisa de alguém com autoridade para dar ordem no governo. Lula se cala, como se nada tivesse contra a militância dupla do companheiro Mercadante.