Ficou evidente esta semana no Congresso Nacional os problemas enfrentados pelo governo Lula, com a aprovação do projeto do marco temporal para demarcações de terras indígenas e a dificuldade em votar a medida provisória que estrutura os ministérios.

Com o intuito de mudar essa situação e tornar a agenda legislativa do governo mais tranquila, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), apresentou ao presidente da República um conjunto de solicitações que inclui o controle de quatro ministérios.

Fontes do governo no Congresso relatam que Lira pretende colocar aliados no Ministério da Saúde e nas três pastas atualmente comandadas por indicados do União Brasil, partido que não tem oferecido o apoio esperado ao governo, apesar de possuir uma grande representação na Esplanada dos Ministérios.

De acordo com o portal Metrópoles, o presidente da Câmara defende a transferência dessas pastas para partidos que não fazem parte do primeiro escalão, como o seu próprio partido, o PP, e o Republicanos.

O União Brasil atualmente controla o Ministério das Comunicações, com Juscelino Filho, o Ministério do Turismo, com Daniela Carneiro, e o Ministério da Integração Nacional, com Waldez Goés. Dado que o partido não tem atuado efetivamente como base de apoio ao governo, teoricamente, a transferência das pastas para aliados de Lira não é algo impossível.

Articulação

Diante da iminente possibilidade de a Medida Provisória dos Ministérios perder sua validade, na quarta-feira, Lula entrou em ação para articular uma solução. O presidente convocou uma reunião de emergência com os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), além do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).

Durante o encontro, conforme apurado por Igor Gadelha, do Metrópoles, Lula ligou para Lira e fez um apelo para que a Câmara vote a MP dos Ministérios na quarta-feira, um dia antes de seu prazo de validade expirar.

Durante a conversa, de acordo com informações, o presidente da Câmara relatou brevemente a Lula os principais motivos pelos quais ele e os líderes dos partidos do Centrão estão irritados com o governo.

Além da demora na nomeação de cargos e na liberação de emendas, o presidente da Câmara reclamou que a equipe de articulação política do Palácio do Planalto estaria negociando diretamente com os deputados, sem envolver os líderes de cada partido.

Na opinião do presidente da Câmara, a negociação individualizada do governo com os deputados, sem o envolvimento dos líderes partidários da Casa, representa uma falta de respeito e desvalorização desses líderes.