Lei Maria Gabriela: Projeto aprovado em Goiânia homenageia vítimas do Césio-137
17 agosto 2023 às 16h48
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A Câmara Municipal de Goiânia aprovou nesta quinta-feira, 17, em segunda e última votação, o Projeto de Lei (PL) que cria o Dia Maria Gabriela Ferreira como forma de homenagem às vítimas do acidente do Césio-137 no calendário da cidade.
Segundo o texto, de autoria da vereadora Aava Santiago (PSDB), o dia será 23 de outubro e prevê a integração e conscientização da população a respeito do acidente, suas consequências, além da promoção de debates em locais públicos, como a rede de ensino da cidade.
Maria Gabriela Ferreira era esposa de Devair Ferreira, dono do ferro velho onde foi encontrado o Césio-137, substância que causou o acidente radiológico em Goiânia no ano de 1987.
“Ela foi a primeira pessoa a identificar que aqueles sintomas que estavam tomando conta dos corpos das pessoas eram causados pelo Césio. Então, ela colocou o Césio-137 dentro de uma bolsa, pegou um ônibus, levou até a vigilância sanitária e assim as autoridades souberam que Goiânia estava sediando uma tragédia dessa magnitude”, relembra Aava Santiago.
Agora, a matéria segue para sanção do prefeito Rogério Cruz (Republicanos). “Aguardando a sanção, será possível incentivar a criação de políticas públicas e a divulgação do Centro Estadual de Assistência aos Radioacidentados Leide das Neves”, afirma a vereadora.
“Se sancionada, Goiânia terá justa homenagem a esta mulher quase desconhecida, mas responsável por arriscar a própria vida, e perdê-la, para salvar milhares de vidas. Fibra moral e coragem de uma mãe periférica que precisa ser lembrada e celebrada no calendário oficial da nossa cidade”, concluiu.
O acidente
Em 1987, dois catadores desmontaram uma máquina que estava em uma antiga clínica de exames abandonada. Em posse de uma cápsula retirada desse aparelho, os homens o venderam a um ferro velho no Centro de Goiânia, no dia 13 de setembro do mesmo ano.
Devair Ferreira, marido de Maria Gabriela, era o proprietário do estabelecimento. Com o objetivo de aproveitar o chumbo, ele abriu a peça, mas encontrou um pó que emitia luz azulada. Sem saber do que se tratava, o dono do ferro velho continuou manipulando a substância, 19,26 gramas de cloreto de césio 137.
Após isso, todas as pessoas que tiveram contato com o elemento começaram a sentir os sintomas da radiação, que incluíram diarreia, náuseas, tontura e vômito. Somente 17 dias depois da abertura da cápsula que a contaminação foi identificada.
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