A ameaça do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar tarifas de até 100% aos países do BRICS, caso eles lancem uma moeda própria ou se distanciem do dólar, foi considerada contraproducente pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Em declaração feita nesta segunda-feira, 2, Peskov argumentou que essa postura pode acelerar o processo de redução do papel do dólar como moeda de reserva global.

Segundo Peskov, a pressão de Trump pode ter o efeito oposto ao pretendido, incentivando ainda mais os países do BRICS a buscar alternativas financeiras. Ele destacou que a tendência de muitos países em diversificar suas reservas e reduzir a dependência do dólar já está em andamento e vem ganhando força. “O dólar está perdendo seu apelo, e qualquer tentativa de pressionar mais ainda esses países pode acelerar esse movimento”, afirmou o porta-voz.

No último sábado, 30, Trump exigiu que os membros do BRICS se comprometessem a não criar uma nova moeda ou apoiar qualquer outra que pudesse substituir o dólar em transações internacionais. Caso contrário, o presidente dos Estados Unidos ameaçou impor tarifas comerciais severas, o que, segundo ele, prejudicaria as economias desses países.

Para Peskov, essa ameaça não é suficiente para dissuadir os BRICS de suas intenções de explorar novas possibilidades econômicas. O porta-voz do Kremlin ressaltou que a busca por maior autonomia financeira e redução da dependência do dólar é uma tendência crescente, especialmente em um cenário global de crescente instabilidade econômica e política. Além disso, ele observou que a iniciativa de criar uma moeda própria para os países do BRICS é uma discussão legítima no contexto da diversificação dos sistemas financeiros internacionais.

A reação do Kremlin reflete uma postura de resistência a pressões externas e confirma a intenção dos países do BRICS de continuar promovendo um sistema financeiro mais multipolar, com alternativas ao domínio da moeda norte-americana. A ameaça de Trump, portanto, pode, segundo analistas, fortalecer ainda mais esse movimento, acelerando a busca por soluções que diminuam a influência dos Estados Unidos na economia global.

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