As eleições deste ano foram um desastre para o PSDB em todo o Brasil. O que leva à dedução de que o desempenho dos tucanos em São Paulo foi tétrico. O governador Rodrigo Garcia não conseguiu ir ao segundo turno; para o Senado, o partido apoio o emedebista Edson Aparecido, que ficou em 3º com apenas 7% dos votos.

Mas um resultado muito importante passou despercebido nas primeiras análises: a derrota de José Serra para a Câmara dos Deputados. Serra era, por assim dizer, o quadro clássico do PSDB: bem preparado política e tecnicamente, formado nas bases dos movimentos, ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Foi praticamente tudo na política em termos de cargos e por duas vezes disputou o segundo turno presidencial, em 2002 (contra Lula) e 2010 (contra Dilma Rousseff).

Ex-ministro da República duas vezes, ex-prefeito da maior cidade do Brasil, ex-governador do Estado mais rico da Nação. Hoje, é senador. Experiente, sabia que obter um novo mandato seria difícil, diante do quadro. Resolveu não arriscar e buscar uma vaga na outra Casa parlamentar de Brasília. Seria voltar às origens, por onde começou na cidade centro do poder, como deputado federal constituinte.

Mas a população de São Paulo não quis. O ex-governador do Estado teve 88.743, que o deixaram apenas com a segunda suplência do PSDB na bancada do partido. Uma bancada extremamente mirrada: três eleitos, somente.

O que significa tudo isso? A derrota de Serra representa também a pá de cal naquele PSDB que nasceu socialdemocrata e virou centro-direita depois de se aliar ao antigo PFL – depois DEM, hoje União Brasil.

O problema é que não há outro PSDB, desde a guinada para a “direita total” que Aécio Neves fez em sua candidatura em 2014 e só gerou frutos para a extrema-direita.

Não se pode dizer que a derrota de Serra seja o fim do PSDB por uma certa dose de cautela. Mas, a partir desta eleição, sem ter São Paulo como reduto, o partido torna-se oficialmente nanico.