Com a eleição do próximo presidente da Câmara, Lisieux Borges (PT), prefeito anapolino dá recado e mostra que sabe “jogar o jogo”

Foto: Câmara Municipal de Anápolis / Fernando Leite
Presidente eleito Lisieux Borges (PT) e prefeito João Gomes (PT) | Foto: Câmara Municipal de Anápolis / Fernando Leite

Os que apostavam na eleição da mesa diretora da Câmara Municipal de Anápolis como a primeira derrota do prefeito da cidade, João Gomes (PT), tiveram uma surpresa frustrante na última quarta-feira (10/12).

Mesmo havendo uma grande rejeição a um nome petista para comandar a casa legislativa, com várias chapas montadas nas últimas semanas tentando inviabilizar a manutenção da sigla, não teve jeito. Com a benção e apoio integral de João Gomes, o estreante Lisieux Borges (PT) conseguiu se eleger presidente para o biênio 2015-2016.

Evitando assumir a autoria da vitória petista, o prefeito sabe bem que tal fato foi creditado em sua conta e deu um recado claro aos oposicionistas: “não estou à sombra de ninguém”. Com os próximos dois anos de governabilidade garantidos, somados à proximidade com o governador Marconi Perillo (PSDB), João Gomes deu o primeiro passo para a reeleição.

Não é segredo para ninguém que o ex-vice de Antônio Gomide (PT) — tido como o prefeito mais bem avaliado da história da cidade — sonha em se manter no poder. Apesar do caminho até 2016 ser longo e contar com uma forte liderança oposicionista que surgiu das urnas no pleito deste ano (leia-se o deputado federal eleito com 29 mil na cidade, Alexandre Baldy [PSDB]), João Gomes tem agora, como dizem, a faca e o queijo na mão.

Com o presidente da Câmara ao seu lado, e, melhor, do mesmo partido, o prefeito petista não terá problemas para aprovar as leis orçamentárias e eventuais projetos mais “delicados”. Mesmo que a oposição “esperneie”, quem tem a caneta — no caso, a mesa diretora — é quem manda.

O terreno está arado, basta plantar. Assim confirma Lisieux Borges ao Jornal Opção Online: “a relação com o prefeito será a melhor possível. Vamos seguir caminhando juntos, lado a lado”.

A gregos e troianos

Prefeito João Gomes e o governador Marconi Perillo: relação que vai além da cordialidade | Foto: Henrique Luiz / Goiás Agora
Prefeito João Gomes e o governador Marconi Perillo: relação que vai além da cordialidade | Foto: Henrique Luiz / Goiás Agora

Outra prova de sua habilidade política é a própria chapa eleita. Segundo confidenciou o presidente vindouro, foi o próprio João Gomes que sugeriu o nome do 1º secretário: o vereador Fernando Cunha, do PSDB.

Oposicionista e amigo não da primeira secretaria, mas de primeira hora do deputado supra mencionado, Fernandinho, como é chamado, foi convidado a compor a chapa, numa clara demonstração de ponderação por parte do chefe do Executivo anapolino.

No que diz respeito a parcerias com o governo estadual, João Gomes vai bem. Durante a campanha de reeleição, o governador Marconi Perillo garantiu inúmeros benefícios à cidade, sem contar os que já estão em implantação.

O Centro de Convenções, universalização do esgoto e solução do problema da água, expansão do Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), implantação do Daia 2, viadutos e quadras cobertas para todas as escolas da cidade… Ações que, com certeza, respingaram na popularidade do prefeito.

Há quem acredite que os irmãos petistas Antônio Gomide e Rubens Ottoni — deputado federal reeleito, com impressionantes 55 mil votos só em Anápolis — teriam outros planos para o município. Gostariam de ver Ceser Donizete disputar em 2016; no entanto, por questões pragmáticas vão apoiar, sim, João Gomes. Sendo assim, a benção do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) e recursos federais também estão garantidos.

Se ainda resta alguma dúvida de que João Gomes está credenciado para a reeleição, que venha 2015.