Morreu na madrugada desta segunda-feira, 11, aos 100 anos, Isabel Salomão, uma das figuras mais conhecidas do espiritismo brasileiro. Internada no Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Juiz de Fora, desde o início de novembro, Isabel, conhecida como Dona Isabel, não resistiu ao quadro delicado de saúde e partiu após uma breve internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no último sábado. A médium, considerada uma das maiores personalidades do espiritismo no Brasil, deixa um legado de dedicação, construído ao longo de décadas à frente do Centro Espírita “A Casa do Caminho”, em Juiz de Fora.

Nascida em 22 de setembro de 1924, na pequena cidade de Rochedo de Minas, na Zona da Mata mineira, Isabel Salomão de Campos veio ao mundo em uma família de imigrantes libaneses. Ela foi a primeira filha do casal a nascer no Brasil, e desde cedo já manifestava sua sensibilidade espiritual.

Com nove anos, Isabel relatava ter visões e “ver coisas”, uma experiência que viria a moldar sua vida e a conduzir ao espiritismo. Ao longo de sua juventude, essas vivências espirituais permaneceram, e, aos 18 anos, Isabel se mudou para Juiz de Fora para estudar no Instituto Cândido Tostes. Ela foi retratada no livro de Daniela Arbex “Os Dois Mundos de Isabel — A Saga da Menina Que Nasceu no Sertão Mineiro, em 1924, e Com Apenas 9 Anos Passou a Ver e Ouvir Coisas Que Ninguém Compreendia”.

Foi nesse período que Isabel, buscando entender melhor as experiências que a acompanhavam desde criança, recebeu orientação para procurar uma Casa Espírita. Ao assistir a uma palestra conduzida por Dona Zuzu na cidade, Isabel encontrou uma explicação para sua mediunidade e uma comunidade que a acolheu. 

Fundação da Casa do Caminho 

Em 1974, junto com seu marido, Dr. Ramiro Monteiro de Campos, Isabel fundou o Centro Espírita “A Casa do Caminho” em Juiz de Fora. Para o casal, o centro representava a realização de um sonho, um espaço onde poderiam compartilhar os ensinamentos espíritas e oferecer apoio espiritual e material a quem precisasse. 

A Casa do Caminho não era apenas um centro de assistência espiritual, mas também uma extensão do lar da médium e de sua família. Seus filhos cresceram em meio à dedicação dos pais à doutrina, e hoje seguem atuando no centro para preservar o legado de Isabel. Ao longo dos anos, a instituição foi expandindo suas atividades e oferecendo diversos serviços, desde palestras e estudos espíritas até ações sociais que auxiliam comunidades carentes de Juiz de Fora e arredores.

Seus filhos, agora responsáveis pela administração do centro, ressaltam a importância de dar continuidade ao trabalho da mãe, mantendo vivos os princípios que sempre guiaram Isabel.

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