Investir em malha viária não diminui congestionamentos em grandes cidades, diz estudo
02 fevereiro 2019 às 17h30
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Para especialista, é preciso adotar soluções alternativas como incentivo à chamada “carona solidária” e mais investimento em transporte coletivo de alta velocidade
São Paulo tem a maior frota de veículos em circulação do Brasil e os congestionamentos se agravam nas rodovias em datas comemorativas e feriados prolongados | Foto: ReproduçãoUma pesquisa do Instituto “The Future of Mobility”, O Futuro da Mobilidade em Português, de uma consultoria norte-americana, estudou o trânsito em cem cidades do mundo. Na América Latina, destacam-se quatro capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Curitiba, entre as mais congestionadas do país.
Segundo o estudo, o nível de congestionamento mundial é mais intenso nas grandes cidades (com mais de 800 mil habitantes) e megacidades (que têm mais de 10 milhões de pessoas) do que nas menores. A pesquisa concluiu ainda que, em países com Produto Interno Bruto (PIB) igual ou acima do nível emergente, a proporção de veículos por quilômetro e o comprimento total da malha viária cresce no mesmo ritmo, impedindo que haja diminuição no volume de tráfego.
O coordenador do curso de Gestão do Trânsito e Mobilidade do Centro Universitário Uninter, Gerson Luiz Buczenko, analisou os dados da pesquisa e comentou que a expansão rodoviária já não resulta em efeitos práticos para o descongestionamento das cidades.
“As cidades têm limite de absorção. Não adianta investir em capacidade se o volume de veículos nas ruas também aumenta. Foi o que aconteceu na Europa”. Segundo Buczenko, o trânsito ficou tão difícil no continente europeu que individualmente foram surgindo iniciativas de mobilidade urbana e aumento do uso de transportes alternativos, como bicicletas e caronas solidárias.
Nos próximos 30 anos, a demanda global de passageiros mais do que dobrará nos grandes centros urbanos, chegando a 120 bilhões de passageiros por quilômetro até 2050.
“Esse aumento gera um efeito positivo na economia, levando à aquisição de veículos de uso privado, mas negativo em termos de mobilidade”, avalia o professor da Uninter.
“É preciso adotar soluções alternativas como incentivo por meio de políticas públicas da chamada “carona solidária”, mais investimento em transporte coletivo de alta velocidade, além de incentivo fiscal para redução de veículos emissores de CO2”, sugere Buczenko.