Nesta sexta-feira, 20, marca a chegada do solstício e o início do inverno no hemisfério sul. No sul do país, a estação é marcada pela diminuição das temperaturas com o movimento das massas de ar polares para dentro do país. Junto a isso, o solstício de inverno no sul global marca a noite mais longa do ano, o dia em que o eixo planetário está com ângulo direto para o sol.  

Contudo, os estados do Centro-Oeste não devem presenciar mudanças de temperatura tão cedo, conforme conta o coordenador do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, ao Jornal Opção. Segundo o diretor da autarquia, a influência da estação deve se desdobrar em 2025 por meio da seca, que está prevista para perdurar até meados de outubro.  

O Estado pode sofrer influência do “frio da pecuária”, período caracterizado pela diminuição das temperaturas durante as madrugadas e manhãs. “A princípio, nós teremos esse ar frio de origem polar circulando esse mês de junho e comecinho de julho. Não é aquele frio intenso, mas é aquele friozinho da manhã, pelo menos ele dá para sair de agasalho.”

Por outro lado acende um alerta para a diminuição das chuvas com probabilidades “muito baixas” de incidência no território goiano, ao passo que mais da metade do Estado segue para o 50º dia sem chuva. Segundo fala o coordenador, a criação de um bloqueio atmosférico na região acarreta a elevação das temperaturas e dificulta a diminuição de nuvens de chuva. Além disso, impede o avanço de massas de ar polares para o Centro-Oeste. 

Essa diminuição da umidade também leva à redução da vazão dos rios, que cria as praias do Araguaia na região norte, mas que piora o cenário hídrico no Estado. Atualmente o Estado está em estado de observação pela baixa umidade de 30% a 40%. Contudo, afirma que os índices podem piorar ao longo do inverno com a influência do bloqueio atmosférico. 

Por causa disso, Amorim alerta para a ocorrência do aumento de problemas respiratórios e elevação dos riscos de incêndios florestais. Em todo o ano de 2024, foram registrados 5.796 focos de queimadas durante janeiro a setembro, um salto de 

133% se comparado ao mesmo período de 2023 com 2.478 ocorrências. Devido ao risco, o Estado está em alerta elevado para as chances de queimadas. 

Até a metade do mês de junho de 2025, foram registrados cerca da metade dos incêndios do que o apurado durante todo o mês de junho de 2024, segundo o boletim das queimadas do Cimehgo, sendo 122 de 260 ocorrências, respectivamente. Desse número, os municípios que mais registraram casos foram na região Centro e Norte do Estado, como Planaltina, com 12 casos, e Cavalcante e Formosa com 11 ocorrências. 

Por causa do prognóstico, Amorim destaca que a maioria das ocorrências ocorrem pelo manejo incorreto do fogo para limpar pasto. “O fogo pode perder o controle. Comumente os incêndios acontecem por isso. A pessoa começa a botar fogo em umas folhinhas, dessas folhinhas, de repente pula pro lote do vizinho, e de repente já tá pegando fogo em tudo”, afirma. “O problema das queimadas é isso. Se você deixar o mato seco quietinho lá, ele não vai pegar fogo.”

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