Em nota, a União Estadual de Estudantes classificou as prisões como “arbitrárias” e avaliou a ação policial no caso como uma “ameaça à liberdade de expressão e da livre manifestação”

As prisões de três estudantes entre 18 e 20 anos, por meio da deflagração da Operação R$ 2,80, fez com que instituições e entidades goianas se manifestassem sobre a ação. A maioria assumiu uma posição contrária às detenções e ao modo como a Polícia Civil tem conduzido a ação comandada pelo delegado Alexandre Lourenço, da Delegacia Estadual de Repressão a Ações Criminosas Organizadas (Draco).

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Em nota de repúdio, a União Estadual de Estudantes (UEE-GO) classificou as prisões como “arbitrárias” e avaliou a ação policial no caso como uma “ameaça à liberdade de expressão e da livre manifestação”. “Em tempo, solicitamos as autoridades competentes ações concretas para que o mesmo não torne a ocorrer”, defende a entidade ao finalizar o comunicado enviado à imprensa.

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em Goiás também demonstrou solidariedade aos estudantes detidos, adotando uma posição crítica diante da operação da Polícia Civil. Ao defender as liberdades de manifestação, organização e expressão, a legenda, por meio de nota, defende que as prisões visam “criminalizar aqueles que organizam a luta do povo por melhores condições de vida”.

O Conselho Universitário da Universidade Federal de Goiás (UFG) também se manifestou acerca da decretação preventiva dos estudantes. Em informe publicado em seu site, a instituição de ensino defendeu o “compromisso de respeito à liberdade, à diversidade, ao pluralismo das ideias e a organização e manifestação política, sem discriminação de qualquer natureza”.

A nota manifestou convicção, por parte da UFG, de que as instituições envolvidas irão atuar na apuração dos fatos, assegurando a cada um dos estudantes a garantia de integridade física e à ampla defesa. Inclusive, a universidade, por meio de alguns professores, tem prestado atendimento jurídico aos discentes.

A Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB-GO) também tem acompanhado a operação como observadora. Na última sexta-feira, a pedido da seccional, a Secretaria de Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus) colocou os estudantes em separado dos detentos da Casa de Prisão Provisória (CPP).

Prisões

A Operação R$ 2,80 foi deflagrada na manhã da última sexta-feira visando prender líderes estudantis, suspeitos de pregar a desordem e incitar a população a depredar veículos do transporte coletivo da Grande Goiânia.

A ação contou com a participação de 25 policiais. Em entrevista coletiva, o delegado Tiago Torres disse que foi apreendido um vasto material suspeito, dentre eles bandeiras, cartazes, gases e produtos para a fabricação de coquetel molotov, arma química incendiária geralmente utilizada em protestos. Os agentes investigaram os suspeitos por meio de páginas das redes sociais e pela circulação de panfletos que divulgavam durante as manifestações.

Os três estudantes detidos são acusados de formação de quadrilha, danos ao patrimônio e incitação ao crime. Eles integram o grupo Frente de Luta pelo Transporte Coletivo, responsável por organizar protestos na capital goiana em prol da melhoria do setor.