O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reúne neste domingo, 16, para discutir a crise na região

Mísseis israelenses, à esquerda, lançados para interceptar os foguetes do Hamas, à direita | Foto: Anas Baba/ Agência France Press

O conflito entre Israel e o grupo Hamas que ocupa a região da Faixa de Gaza tem se intensificado nos últimos dias, ainda sem abertura para um cessar-fogo. Além dos ataques em Gaza, a nova onda de tensões é marcada, pela primeira vez em anos, por confrontos em cidades onde, israelenses e palestinos mantinham a paz.

A foto de destaque tem à esquerda, o sistema israelense de interceptação de mísseis, chamado Domo de Ferro e à direita, os foguetes lançados contra Israel pelo Hamas, partindo de Beit Lahia, no norte da Faixa de Gaza. As luzes dos projéteis se tornaram cenas habituais para os moradores de Ashkelon, Sderot e outros que vivem nos arredores da Faixa de Gaza.

Este é o cenário mais grave desde os conflitos de 2014, que durou 50 dias, podendo se tornar maior ainda. O jornalista e  hoje repórter especial da Record TV, em São Paulo, Herbert Moraes contou um pouco de como é o ambiente em Israel. Ele que viveu durante 15 anos na região, atuando como correspondente na cobertura de nove guerras, sendo que quatro delas entre Israel e o Hamas.

Herbert cita que Israel é um país dividido e que ele tem agora de longe, uma perspectiva do atual conflito. O jornalista afirma que a única coisa que mudou dessa vez foi a tática do exército israelense, que está agindo com planejamento maior, o que na sua avaliação tem evitado um número maior de civis mortos.

A Faixa de Gaza tem mais de 2 milhões de pessoas que vivem a mercê do grupo terrorista, Hamas que não aceita a existência de Israel, e que hoje conta com apoio do Irã.  O grupo, segundo Herbert, tem seus depósitos de armas em baixo dos prédios, mesquitas e hospitais e isso é justamente, para que em caso de ataque israelense tenha-se um grande número de civis mortos, o que é ruim para o exército israelense e para os Hamas se torna positivo.

Operação “Protetores da Muralha”

Israel tem a seu favor, seu sistema de inteligência. A operação, intitulada “Protetores da Muralha”, mantém contato direto com a população avisando até mesmo o próprio inimigo [o Hamas], de que irá bombardear. Mas, isso é positivo já que resulta em menos mortes de civis.

Segundo as forças de Defesa de Israel, mais de 2 mil projéteis foram lançados de Gaza contra alvos israelenses. O país conta com um arsenal moderno e preciso que o Hamas não possui. O chamado, Domo de Ferro é parte do seu amplo sistema de defesa aérea, sendo considerado um dos melhores do mundo. O sistema, protege o território de mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro, foguetes e outras ameaças aéreas e contou com financiamento de mais de US$ 200 milhões dos Estados Unidos. O escudo antimísseis é eficaz em mais de 90% dos casos.

Possibilidade de longa trégua

O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reúne neste domingo, 16, para discutir a crise na região. Os esforços diplomáticos ainda não mostraram sinais de interrupção dos conflitos. O Egito e também o Catar tem liderado as negociações para que haja um cessar-fogo, ou, o que eles chamam de longa trégua, que seria  um acordo para que não haja conflitos em um período de dois a três anos.

Os Estados Unidos, mantém uma postura de aliado de Israel. O Conselho de Segurança é composto por 15 membros, sendo cinco permanentes com poder de veto: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China.

O cientista político, Guilherme Carvalho explica que Israel encontra-se até certo ponto acuada, por se encontrar em região onde não querem que ela esteja, mas ao mesmo tempo está apenas lutando pela sua sobrevivência e não descarta que esse novo conflito seja maior que o de 2014. “O que está acontecendo hoje é uma revolta histórica, que não foi a primeira vez e não será a última, então o conflito pode ser maior do que o de 2014. A instabilidade política no Oriente Médio conduz a uma insegurança extrema em Israel. Todas as resoluções diplomáticas possíveis nunca conseguem dar conta do problema a fundo, que é respeitar as fronteiras”, avalia o especialista.