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A professora assume o cargo em meio a polêmica envolvendo a intervenção do Executivo na escolha da reitoria na federal

Na tarde de ontem, quinta-feira, 13, a professora Angelita Pereira de Lima, indicada por Jair Bolsonaro (PL) para assumir o cargo, tomou posse como nova reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG). O Ministério da Educação (MEC) encaminhou à federal o termo que dá posse à reitora nomeada por meio de Decreto Presidencial publicado no Diário Oficial da União (DOU). Devidamente empossada e em pleno exercício das suas funções, Angelita assume o cargo em meio a polêmica no meio acadêmico por conta da intervenção do Executivo em sua nomeação.

A diretora da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da UFG, Angelita Pereira de Lima, era o terceiro nome colocado na lista tríplice definida pelo Conselho Universitário (Consuni) no dia 18 de junho de 2021 e enviada ao Ministério da Educação (MEC). Historicamente, os presidentes escolhem o primeiro nome da lista, que é sempre o mais votado nas eleições das universidades. Nas urnas, a escolhida pela UFG foi a professora Sandramara Matias Chaves, que estava no cargo de vice-reitora até a tarde de ontem. A intervenção de Bolsonaro na federal ao não respeitar o voto democrático dos docentes gerou muita polêmica.

No momento em que foi divulgado que seria Angelita a pessoa escolhida para assumir o cargo, na terça-feira, 11, o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), o Sindicato dos Trabalhadores Técnico administrativos das IFEs do Estado de Goiás (Sint-Ifesgo), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFG, a Associação de Pós-Graduandos da UFG, a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), a União Estadual dos Estudantes de Goiás (UEE-GO), a União Nacional dos Estudantes(UNE) e a Associação de Egressos e Egressas fizeram uma nota repudiando a decisão.

“Ela [autonomia universitária] garante uma gestão independente, livre e plural, administrativamente e na produção da ciência e do conhecimento a serviço da sociedade, independente de governos e gestores. Ao desrespeitá-la, Bolsonaro quebrou uma tradição de décadas, que pode provocar instabilidade na UFG”, disse a nota.  “Bolsonaro desrespeitou a escolha da comunidade universitária, assim como desrespeita o povo brasileiro diariamente, com sua política desastrosa na educação, saúde, economia, meio ambiente e ciência. Desde o início do seu mandato, o presidente já escolheu mais de 20 reitores que não foram eleitos de forma democrática”, escreveram os sindicatos.

A própria professora, e agora reitora, Angelita, se mostrou indignada com a intervenção política. “A gente fica entristecida pela não nomeação do primeiro nome na lista tríplice”, disse. “Não podemos normalizar isso, que na história da UFG acontece pela primeira vez. Até então, os presidentes sempre respeitaram a escolha que a comunidade universitária faz para si mesma”, afirmou ao Jornal Opção.

Contudo, mesmo em meio a controvérsia da intervenção de Bolsonaro na federal, a professora Sandramara Matias Chaves, a mais votada para assumir a reitoria, assim como o Adufg-Sindicato, mostraram apoio à Angelita, esclarecendo a competência da nova reitora e da importância do apoio da faculdade em seu mandato. “Não existe ilegalidade na nomeação da professora Angelita. Temos de apoiá-la e discutirmos os encaminhamento daqui para frente, pensando na UFG. Manifestar, indignar, colocar para sociedade nossa indignação, nossa revolta com relação ao que aconteceu hoje, isso está posto em Goiânia, em Goiás, no país. Com certeza vai repercutir muito mais. Isso expressa o que a comunidade universitária está sentindo nesse momento”, pontuou Sandramara.

Já a Adufg, disse em nota que “a entidade mantém sua indignação contra a intervenção do presidente Jair Bolsonaro na nomeação da nova reitora, mas acredita que, se ela recusasse o cargo, um interventor alinhado às ideias bolsonaristas poderia ser indicado, o que contraria totalmente os princípios de qualquer instituição de ensino pautada pelos princípios do ensino público, gratuito e de qualidade. Portanto, a docente contará com o apoio irrestrito do sindicato”, escreveram.

A solenidade da posse de Angelita deverá ser realizada posteriormente já que a mesma foi diagnosticada com Covid-19 e dessa forma se encontra em isolamento social.