Goiânia se tornou um panorama de luxo com a redefinição dos padrões imobiliários nos últimos anos. Essa tendência tem impulsionado o valor geral de vendas (VGV), o que coloca a capital como terceiro maior mercado imobiliário do País. De acordo com a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), o VGV do ano passado alcançou os R$ 6 bilhões. O aumento no volume de vendas é registrado pelo quinto ano consecutivo.

Para se ter ideia, nos primeiros três meses deste ano, o mercado já mostrou que seguirá aquecido. Neste período, três grandes lançamentos na Capital comercializam todas as unidades. O diretor de pesquisas da Ademi-GO, Credson Batista, pontua que historicamente esses meses não costumam ter bom desempenho, uma vez que há férias e carnaval.

“Esse sucesso marcante registrado nos primeiros lançamentos é um sinalizador de que 2024 deve seguir com uma alta demanda por imóveis na capital”, destaca. Para ele, o momento é corroborado pela manutenção dos cortes da taxa Selic realizadas pelo Banco Central (BC), isso porque a cada nova redução na taxa de juros mais pessoas conseguem acessar o sistema de financiamento imobiliário e viabilizar a compra do seu imóvel.

Por outro lado, o presidente do Sindicato das Imobiliárias e Condomínios do Estado de Goiás (Secovi-GO), Antônio Carlos da Costa, analisa que a alta no investimento imobiliário tem a ver com a segurança financeira. “Quando se tem qualquer insegurança na economia, tem uma tendência natural, daquele momento da insegurança, das pessoas correrem para um bem de ‘raiz’ e investir no imóvel. Isso também a gente vê que é uma forma de proteção por meio da compra do imóvel”.

Antônio Carlos pontua que o boom Capital tem influência e dependência do agronegócio, a qual, como o Estado, tem a balança comercial acima da média nacional. “O crescimento goiano que é lastreado no agronegócio, diferente de todo o País. Enquanto que a indústria de uma forma geral sofreu muito nos últimos tempos, o agro foi o que destacou”, arrematou.

Dados da Ademi
Dados da Ademi

No ranking do mercado imobiliário, Goiânia só ficou atrás de São Paulo e Rio de Janeiro. O presidente da Ademi-GO, Felipe Melazzo, prevê a continuação da intensa procura por imóveis no município. “Essa busca, aliada a um aumento no custo de obra e a restrição de verticalização regulamentada pela alteração no plano diretor da cidade, fizeram os preços de imóveis crescerem de maneira substancial e seguirão aquecidos em 2024”.

Lançamentos

Neste começo de ano, a Opus Incorporadora lançou em 2024 o Ateliê Opus, um edifício comercial direcionado ao público de alto padrão. Em pouco tempo foram vendidos todas as suas unidades a valores aproximados de R$ 20 mil o metro quadrado. No mesmo contexto, a City Incorporadora realizou seu segundo lançamento na cidade, em parceria com a renomada assinatura Pininfarina, conhecida por seus designs de Ferrari, com valores de R$ 16 mil/m², com 60% das unidades vendidas.

Nesta linha, a incorporadora está construindo um empreendimento que é o retrato dessa tendência. Para se ter ideia, o empreendimento é a maior cobertura do Centro-Oeste, com 1.362 metros quadrados, uma piscina privativa de 25 metros quadrados e quatro suítes, o que inclui uma master de 120 metros quadrados.

Cada residência exclusiva é vendida por R$ 12 milhões. Os 44º e 45º andares do arranha-céu de 172,85 metros de altura, ilustram o apelo do mercado de luxo na cidade. Assim, o dinamismo econômico de Goiânia é impulsionado em grande parte pelo vigoroso setor do agronegócio, que tem contribuído para o crescimento.

Mercado em alta

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostrou que nos últimos 12 anos a região Metropolitana de Goiânia cresceu e acompanhou o ritmo acelerado da capital. Os números da pesquisa da Ademi-GO, conduzida pelo Instituto Brain, revelam um aumento significativo no VGV de todos os empreendimentos. Em menos de uma década, o volume de vendas quase triplicou, quando saltou de R$ 2,6 bilhões em 2014 para quase R$ 6 bilhões em 2023.

No epicentro desse crescimento estão as incorporadoras voltadas para o segmento de luxo. A Opus liderou o ranking no ano passado, com um VGV de R$ 1,11 bilhão, seguida pela City, responsável pelo Epic, e pela EBM, que foca no médio padrão. A City também detém o recorde de maior preço por metro quadrado, exemplificado pela cobertura do City 23 Pininfarina, vendida por R$ 10,7 milhões.

Embora os preços do mercado de luxo em Goiânia possam atingir R$ 13 mil por metro quadrado, ainda são consideravelmente inferiores aos de São Paulo e Rio de Janeiro, que oscilam entre R$ 50 mil e R$ 80 mil.

Mas para o setor isso deve mudar nos próximos anos. João Gabriel Tomé, CEO da City, ressalta a atratividade econômica de Goiânia, com destaque para sua juventude e potencial de crescimento. Ele salienta que a personalização das plantas dos imóveis e os prédios assinados por arquitetos renomados são estratégias adotadas pelas incorporadoras para cativar a elite local. 

Leia também: