Igreja Universal do Reino de Deus na Angola é acusada de práticas criminosas como a vasectomia, castração e abortos forçados, contra o patrimônio, e outras que configuram corrupção

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O porta-voz governamental da Angola, Valdemar José, falou sobre os conflitos no seio da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no país, e afirmou que denuncias envolvem práticas criminosas como a vasectomia, castração e abortos forçados, contra o patrimônio, e outras que configuram corrupção.

“Tendo em conta que o nosso país é um Estado de direito e democrático em que a legalidade é um dos pilares da sociedade, podem compreender que as autoridades competentes não poderiam estar adversas a esta situação”, afirmou Valdemar José. O porta-voz também acrescentou: “ neste momento, decorrem dois processo-crime que foram unificados num só nos serviços de investigação criminal”.

O Instituto Nacional para Assuntos Religiosos, órgão do Estado que acompanha o funcionamento das comissões religiosas no país, já ouviu as partes interessadas, e salienta que o conflito na IURD assenta em acusações relacionadas com violação de direitos fundamentais e dignidade da pessoa humana e em ilícitos de natureza civil e criminal que compete ao Estado averiguar.

“O processo está no seu princípio, mas a lei é clara sobre esta matéria e quanto a medidas sancionatórias. Se se comprovar a prática desses crimes, não teremos outra solução que não a suspensão, revogação do reconhecimento ou extinção da confissão religiosa”, acrescentou o porta-voz.

Entenda

Em um movimento sem precedentes, pastores angolanos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) anunciaram uma ruptura com o fundador, bispo Edir Macedo, e com o restante da liderança brasileira da igreja, acusando-a de desviar recursos para o exterior, discriminar funcionários locais e de promover a esterilização de sacerdotes africanos.

Em comunicado divulgado pela imprensa angolana os religiosos — que dizem ter o apoio de 330 pastores e bispos angolanos da Universal — exigem que líderes brasileiros da instituição deixem “o território nacional dentro dos prazos estabelecidos pelas autoridades migratórias” para que a igreja passe a ser “liderada exclusivamente por angolanos”.

Em nota, a Universal diz que não houve ruptura em Angola e que a igreja é vítima de uma “rede de mentiras arquitetada por ex-pastores desvinculados da instituição por desvio moral, e de condutas até criminosas com o único objetivo de terem sua ganância saciada”.

Denúncias 

Segundo as denúncias, “é visível em todos os quadrantes da igreja, desde os púlpitos à área administrativa, que tem se traduzido em atos discriminatórios, onde na maior parte das vezes o principal critério para se atribuir certas responsabilidades eclesiásticas e/ou administrativas é a nacionalidade brasileira”.

Segundo os religiosos, sob orientação de Macedo, os gestores da Universal no país africano decidiram “vender mais da metade do patrimônio da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola, sem prévia consulta aos bispos, pastores, obreiros e membros angolanos”.

“O referido patrimônio inclui residências e terrenos que foram adquiridos e/ou construídos com os dízimos, ofertas e doações dos bispos, pastores, obreiros e membros de Angola”, segue o comunicado.

Esterilização

Os pastores afirmam ainda que, nos últimos 12 meses, “a anterior e atual liderança brasileira, por orientação do Bispo Edir Macedo, tem forçado os pastores solteiros e casados a submeterem-se a um procedimento cirúrgico de ‘esterilização’, tecnicamente conhecido como vasectomia”. O grupo diz que a prática constitui “clara violação dos direitos humanos, da lei e da Constituição da República de Angola”, além de ser estranha “aos costumes da nossa realidade africana e angolana”.

O que diz a Universal 

Procurada pela BBC News Brasil, a Igreja Universal enviou uma nota na qual diz que a subsidiária em Angola segue atrelada à matriz. “Continuamos unidos, bispos, pastores, obreiros, evangelistas e jovens, com o firme propósito de levar o Reino de Deus e expandir o evangelho aos quatro cantos do mundo”, diz o comunicado.

A nota diz que “a Igreja Universal em Angola continua mais forte do que nunca” e atribui o movimento revoltoso a “ex-pastores desvinculados da instituição por desvio moral, e de condutas até criminosas com o único objetivo de terem sua ganância saciada”. A igreja afirma que sempre se pautou pela “moralidade, respeito às autoridades constituídas e à legislação vigente” em Angola. (Com informações da BBC News Brasil)