Nas redes sociais, os pré-candidatos Antônio Gomide (PT) e Márcio Corrêa (PL) trocaram farpas em vídeos publicados nesta quinta-feira, 16, acentuando a tendência de que as eleições municipais em Anápolis serão as mais polarizadas do Estado em matéria de embate entre os campos da esquerda e da direita.

A filiação de Corrêa ao PL de Bolsonaro com a benção do ex-presidente, no início de abril, confirmou o nome do pré-candidato como representante do eleitorado da direita e força antagônica ao projeto do PT, liderado pelo deputado estadual.

Quando colocada na balança a rejeição a Lula — que apesar de sair vitorioso na disputa presidencial em 2022, foi derrotado por Bolsonaro em Anápolis, onde o adversário do petista recebeu mais de 70% dos votos no segundo turno —, fica compreendida a resistência de Gomide no debate ideológico. No entanto, com o resultado das pesquisas internas que circularam nas últimas semanas, a diminuição da distância de Corrêa em relação ao primeiro colocado emparedou a pré-campanha petista, que acabou se posicionando sobre a polarização que vinha tentando ignorar.

“Aqueles que não têm projeto, tentarão trazer a polarização nacional para cá e ficar com a mesma ladainha sobre partidos políticos”, disse o deputado estadual na publicação em sua conta.

Horas depois, o pré-candidato do PL publicou trechos de uma entrevista concedida a uma rádio local em que afirma que o adversário esconde Lula. “Hoje eles têm um discurso aí, macio, de verde e amarelo, de patriota. Mas depois, põe o boné do MST, vai até visitar o Lula lá no presídio, lá na cadeia, faz acampamento lá, idolatra o Lula, mas agora não coloca, não expõe o seu líder maior”.

A estratégia praticada pela pré-campanha de Gomide apontava para uma composição com partidos de centro para fugir da formação de chapa puro-sangue: um dos motivos para a derrota de Gomide nas eleições de 2020, na avaliação do próprio grupo.

A movimentação do fim da janela partidária, porém, frustrou o plano dos petistas, que até agora não conseguiram furar a bolha progressista na articulação política e insistem na tentativa de atrair partidos como o PSD de Vanderlan Cardoso.

Se Gomide lidera as pesquisas, Corrêa tem se mostrado à frente na construção de uma base de apoio para o projeto da direita. Aliados do bolsonarista contam que o projeto já possui cerca de dez legendas.

Para dissuadir o eleitor do critério ideológico, o petista quebrou o silêncio acerca da polarização para apresentar, no vídeo que inaugura o embate direto com Corrêa, a seguinte pergunta retórica: “Anápolis ganha o que com isso?” Exatamente porque, no cálculo eleitoral, Gomide sabe que, considerando o perfil da população e o histórico de antipetismo da cidade, é o mais prejudicado nesse duelo.

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