Frente ampla: quando os opostos — JK, Lacerda e Jango — se atraem… contra a ditadura

05 abril 2023 às 12h50

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Se alguém dissesse, logo depois do golpe de 1964, que Juscelino Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda estariam unidos contra os militares seria motivo de risadas. Lacerda foi contra os dois ex-presidentes. Kubitschek bem que tentou alertar Jango durante o 31 de março de 1964, mas dias depois votou no general Castello Branco, no Colégio Eleitoral. As três principais lideranças se uniram para a alegria de muitos e o ranger de dentes de outros tantos.
No final de 1965, Carlos Lacerda deixou o Governo da Guanabara brigado com os militares e aliados udenistas. Sua candidatura presidencial naufragou. Naquele ano, Kubitschek e Jango estavam com os direitos políticos cassados e fora do Brasil. Foi no começo de 1966 que começou a se desenhar a aproximação entre Lacerda e Juscelino. “Os opostos se atraem” dizia o ditado popular. O ex-presidente estava em Portugal e Renato Archer foi até lá verificar a possibilidade de um encontro entre Kubitschek e Lacerda. E não é que deu certo? O ex-presidente e seu maior opositor se encontraram em Lisboa. Ambos tiraram fotos juntos e divulgaram um manifesto em defesa das lideranças civis. Era o começo da Frente Ampla.


Em 1967, cogitou-se a hipótese de João Goulart também fazer parte da frente. Lacerda topou ir até o Uruguai se encontrar com seu antigo desafeto. O encontro dos dois foi cordial e também lançaram um manifesto. Como naquela época o bipartidarismo se formava no Brasil, com a ARENA governista e o MDB oposicionista, os integrantes da Frente Ampla pensaram em fundar um novo partido. Mas, não deu certo. No dia 5 de abril de 1968, o ministro da Justiça, Gama e Silva, ordenou o fechamento da Frente Ampla. Talvez o único fruto da Frente tenha sido a amizade entre Lacerda e Kubitschek, que durou até 1976, com a morte do ex-presidente.