“Folha” revela erros e contradições em delações da Odebrecht contra Marconi
07 maio 2017 às 09h39

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Relator da Lava Jato acolheu denúncias do MP mesmo com incoerências gritantes nos depoimentos de delatores
A “Folha de S. Paulo” estampa na capa da edição deste domingo (7/5) uma matéria que revela erros factuais, contradições e inconsistências nos depoimentos de delatores da Odebrecht aceitos como “provas” pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Conforme o texto, peças que foram acolhidas pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, apresentam guerras de versões. As petições contra os governadores tucanos Marconi Perillo (Goiás) e Geraldo Alckmin (São Paulo) são exemplos disso.
“A petição contra o goiano é embasada em quatro delatores que apresentaram três versões distintas. Um deles falou em caixa dois sem apresentar documento para corroborar a acusação”, diz a reportagem.
Na primeira, de Fernando Ayres e Alexandre Barradas, o goiano teria recebido, em 2010, R$2 milhões em caixa dois com o codinome “Calado” e, em 2014, R$8 milhões com o codinome Master.
Na segunda, de João Pacífico, Marconi teria recebido, em 2010, R$200 mil em caixa dois e, em 2014, R$2,55 milhões. Já na terceira, de Ricardo Ferraz, teria recebido, sob os codinomes Patati e Padeiro, R$ 500 mil em caixa dois em 2010 e R$ 2,75 milhões em 2014, mas não apresentou provas.
Veja abaixo o infográfico produzido pelo jornal:
Resposta
No dia 19 de abril, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), comentou o conteúdo das delações premiadas de executivos e ex-executivos da Odebrecht, que citaram supostos recursos em caixa dois repassados às campanhas do tucano de 2010 e 2014 ao governo.
Segundo ele, não há preocupação com qualquer investigação e não haverá, tampouco, omissão. “Falarei melhor sobre o assunto quando tiver todas as informações do teor dos depoimentos. Quem me conhece sabe que não temo desafio. Enfrentei durante mais de um ano e meio uma fortíssima perseguição de políticos adversários, fui ao Congresso Nacional e falei durante 9 horas seguidas”, lembrou, em referência à CPMI do Cachoeira, de 2012.
De forma preliminar, o governador rebateu parte das acusações divulgadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“Investimos de 2011 para cá R$ 6 bilhões de obras. A construtora Odebrecht não ganhou nenhuma licitação, não participa de nenhuma obra em Goiás. Falam do Entorno de Brasília, mas não houve licitação, tudo que foi feito lá foi pela Saneago, com recursos próprios, do PAC e da Caesb, em parceria com o governo de Brasília. Estarei à disposição para dar todos os esclarecimentos. Sofri um ano e meio de cabeça erguida e não vai ser agora que vão me abater”, arrematou.