O bloqueio do Estreito de Ormuz foi aprovado pelo Parlamento do Irã e acendeu um alerta global quanto aos impactos econômicos da situação. A área é responsável por cerca de 20% do comércio global de petróleo, por isso, segundo especialistas, esta aprovação pode afetar a oferta global de petróleo e pressionar os preços, gerando inflação. Mais uma vez, o petróleo é usado como arma política.

“O fechamento do Estreito de Ormuz elevaria automaticamente o preço do petróleo, da gasolina, do gás e do diesel. Isso impactaria diretamente o frete, e o aumento do frete, por sua vez, aumenta toda a cadeia de alimentos e de outros produtos”, afirma o economista Júlio Paschoal em entrevista ao Jornal Opção. A medida foi motivada pelos ataques dos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas. Para que seja aprovada, ainda precisa do aval do aiatolá Ali Khamenei. 

O economista comparou economicamente a situação com o vivido na pandemia, quando houve paralisações industriais. “Naquela época, isso encareceu os insumos e, por conseguinte, o petróleo. E encarecendo o petróleo, acabou tendo uma inflação de custos, puxada principalmente pelo petróleo”, diz ele. Paschoal prevê aumento dos preços no diesel, na gasolina, no gás de cozinha e até na conta de luz, devido à operação das termelétricas movidas a óleo diesel. Paschoal prevê: “A inflação sobe, e para combatê-la, a taxa Selic deve passar de 15,0% ao ano”.

Grande parte do petróleo produzido no Brasil é exportada, e a precificação segue o valor do barril no mercado internacional. Ao Jornal Opção, o economista Diego Dias afirmou que o país exporta cerca de 1,5 milhão de barris por dia, sendo o oitavo maior produtor mundial, mas continua dependente da importação de derivados. Em 2024, por exemplo, 20% do diesel e 7% da gasolina consumidos no país vieram de fora.

“Mesmo que nós sejamos autossuficientes de petróleo, a gente não refina tudo aqui. Tem 40% do petróleo que produzimos que a gente vende pra fora, e isso aí é negociado com o preço do barril internacional”, explica Paschoal. “Então, automaticamente, uma restrição da oferta de petróleo vai implicar em aumento de inflação no mundo e no Brasil também”.

Preços

Segundo analistas do JPMorgan, um fechamento fechado do estreito ou retaliações por parte de grandes produtores da região podem levar o preço do barril para a faixa de US$ 120 a US$ 130. 

“Hoje, o barril do tipo Brent está em torno de 78 dólares. Com o bloqueio, pode chegar a 130 dólares”, projeta Paschoal. Desde o início das ofensivas, na última sexta-feira, 13, o preço do barril tipo Brent subiu 13,5%, passando de US$ 69,36 para US$ 78,74. Já o petróleo WTI, referência nos Estados Unidos, avançou 10,9%, de US$ 66,64 para US$ 73,88.

O diesel representa mais de 50% do consumo do setor logístico rodoviário. Segundo os especialistas, o resultado disso é inflação no supermercado, nos serviços e nos investimentos. Por outro lado, o Brasil poderia registrar ganhos expressivos na balança comercial, já que o petróleo representa cerca de 15% das exportações do país. Com preços mais altos, a arrecadação em dólar cresce. Sobre possíveis ganhos com exportações, Diego pondera: “Com preços internacionais mais altos, as receitas em dólar aumentariam e poderiam contribuir para manter o real relativamente valorizado. Esse fluxo externo positivo, no entanto, dificilmente compensaria os efeitos negativos que o aumento de custos provocaria na economia interna e no cotidiano da população”.

Irã x Israel 

Três áreas de Israel, incluindo a região costeira central de Tel Aviv, foram atingidas por ondas de ataques com mísseis iranianos na manhã deste domingo, 22 (horário local). Segundo os serviços de resgate e a polícia israelense, ao menos 23 pessoas ficaram feridas, duas em estado moderado e as demais com ferimentos leves. A polícia informou ainda que outros mísseis atingiram Haifa, no Norte do país, e Ness Ziona, ao Sul de Tel Aviv.

De acordo com o Exército de Israel, duas ondas de mísseis foram lançadas por volta das 7h30 (1h30 em Brasília). As sirenes de alerta soaram em várias regiões, e os sistemas de defesa aérea foram acionados, provocando fortes explosões ouvidas em cidades como Tel Aviv e Jerusalém.

Fragmentos das armas foram localizados também na área do porto de Haifa, segundo a polícia. Equipes de resgate e segurança seguem atuando nas áreas atingidas.

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