Especialista diz que corrida por vacina mostra tentativa da Rússia de se recolocar entre potências globais
12 agosto 2020 às 07h42

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Nome vacina contra a Covid-19, Sputinik, faz referência à primeira vitória da então União Soviética na corrida espacial

O governo russo chamou a vacina contra a Covid-19 de Sputinik, uma referência à primeira vitória da então União Soviética na corrida espacial, quando, em 1957, os soviéticos ultrapassam os Estados Unidos e foram os primeiros a enviarem um satélite (sputnik) ao espaço.
Em entrevista ao jornal Estadão, o diretor do Instituto de Relações Internacionais e Defesa da Universidade Federal do Rio (UFRJ), Leonardo Valente, analisou a estratégia do presidente Vladimir Putin no que chamou de “a geopolítica da vacina”. Conforme observações de Valente, em meio à pandemia mundial do novo coronavírus, os russos tentam repetir a jogada da corrida espacial.
“A Rússia vem nesse movimento de recuperar o prestígio da antiga União Soviética e diminuir a influência americana e europeia. Por isso, fez um aliança com a China, uma atração forte com o Irã e uma política muito pesada junto aos países-satélites para enfraquecer a influência americana. O caso mais emblemático é a questão da Síria, onde conseguiram manter Bashar al-Assad no governo, vencendo a queda de braço com o Ocidente. Nessa tentativa de se recolocar entre as grandes potências mundiais, a Rússia mostra seu poderio militar e bélico, econômico e, agora, científico e tecnológico” explicou Leonardo Valente.
O registro do novo imunizante russo o foi anunciado nesta terça-feira, 11, mesmo sem a conclusão dos testes clínicos.