Em meio a disseminação de mentiras e atuação de algoritmos, Leo Soltz lista pontos fundamentais para evitar desinformação

Além das principais discussões que envolvem as pautas políticas e propostas de candidatos a cargos executivos e legislativos, os debates em ano eleitoral tem ganhado um novo ponto de discussão: as notícias falsas. Não só o conteúdo divulgados entram em pauta, mas também as ferramentas e tecnologias utilizadas para impulsionar os materiais por meio de redes como WhatsApp, Telegram, Facebook, Instagram e muitos outros. Segundo o CEO de mediatech Leo Soltz, o uso indevido das redes passa por três pontos fundamentais: algoritmos, segurança e educação do público.

Segundo o especialista, é fundamental trabalhar para gerir as informações compartilhadas nas redes sociais de forma equilibrada. Ele destaca que sete em cada dez brasileiros entre 20 e 65 anos se informam por mei das redes sociais e ter uma entidade plural atuando em prol do uso adequado dessas redes seria o ideal, pois evitaria excessos de uso e garantiria a liberdade de expressão. “Antes, as eleições se apoiavam muito nos jornais, revistas e na televisão, meios de comunicação de massa que exerciam muita influência sobre a sociedade e possibilitavam viradas durante a corrida. Porém, a forma de consumo da informação mudou. Assim, é preciso repensar as regras e limites que as redes terão ao serem usadas como ferramenta eleitoral, da mesma forma que ocorreu com os demais formatos antes majoritários em campanhas”, reforça.

Os algoritmos são sequências de decisões que determinam os conteúdos mais de destaque apresentados para os usuários dentre das redes sociais. Eles se baseiam em hábitos de uso e critérios variados que, em tese, ajudam a selecionar postagens do interesse do usuário. Nesse sentido, é importante que os algoritmos atuem em favor das notícias reais, reduzindo o alcance dos materiais falsos. “A leitura de pontos de vista contrários aos que estamos habituados, por exemplo, fará o algoritmo trazer novos tipos de informação para o usuário. Dessa forma, ele terá material diversificado em mãos para poder avaliar qual é o conteúdo verdadeiro e qual o falso, que não deve ser disseminado”, comenta Soltz. Ele também sugere o uso dos serviços de forma anônima, quando possível, já que isso impede que as plataformas rastreiem seus conteúdos de interesse, o que reduz a atuação algorítmica.

No Congresso Nacional, o PL 2.360/2020 tenta construir elementos para atuar melhor na responsabilização de criação e disseminação de notícias mentirosas. Para Leo Soltz, chegar rapidamente em quem promove o ato gerador é fundamental para haver menos reverberação sobre o tema, além de que responsáveis poderiam ser julgados civil e criminalmente, evitando movimentos lentos que podem retirar do ar opiniões justas.

Apesar dos alertas para o funcionamento dos algoritmos, tanto para as empresas como para os usuários, não é possível garantir que o uso das redes será ético e correto pela parte de todos. Nesse caso, então, Soltz sugere a criação de ferramentas de proteção contra disseminação de fake news e outros comportamentos prejudiciais. Segundo ele, o movimento realizado nas eleições deve seguir o teor de decisões que já podem ser percebidas nas principais plataformas. “No Twitter, por exemplo, medidas foram implementadas há alguns anos para reduzir problemas que poderiam ser gerados pelo compartilhamento de notícias falsas. O Facebook, por sua vez, tem trabalhado forte para derrubar fake news em suas redes – mais de 1 milhão de conteúdos envolvendo desinformação sobre a pandemia foram retirados do ar desde março de 2020”, explica o especialista.