Energia solar ganha atenção em Goiás, mas vale a pena? Especialista responde
07 abril 2024 às 00h00
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No início deste ano, a GreenYellow, multinacional francesa de transição energética, e a Matrix Energia, distribuidora digital de energia elétrica no Brasil, anunciaram uma parceria para a construção de três usinas fotovoltaicas nos estados do Piauí, Ceará e Goiás. Nesse último, a previsão é que a usina seja instalada no município de Porteirão, a cerca de 180 km de Goiânia. Somadas, conforme o anúncio, as usinas terão 16,28 MWp (megawatt-pico) de capacidade instalada e 34,9 GWh (watt-hora) de produção anual. A estimativa de conclusão é de até 2026.
As usinas integram um pacote milionário de investimentos da GreenYellow em projetos de geração renovável e soluções de energia no Brasil, e destacam, também, o amadurecimento de uma nova era: a da energia sustentável.
Em um artigo da Sala de Imprensa da multinacional, o diretor comercial no Brasil, Marcelo Varlese, afirma que a empresa já havia se preparado “com antecedência com o objetivo de fechar esses projetos de GD [geração distribuída] ao longo de 2023, enquadrando-se nas regras anteriores”. “A GreenYellow fica responsável pelos processos de investimento, implantação, operação e manutenção das usinas que serão construídas, as quais calcula-se que devam evitar a emissão de 1.490 toneladas de CO2 no Meio Ambiente no período de um ano”, destaca.
O diretor aponta ainda os dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), que mostram que a fonte solar em GD acrescentou 7 GW à matriz energética brasileira em 2023, chegando a quase 25 GW de potência instalada, mais que o dobro da potência instalada em geração centralizada.
“Esses dados mostram a importância da geração fotovoltaica no momento que estamos vivendo e o processo de popularização do acesso da energia renovável a todas as pessoas, principalmente nas regiões Nordeste e Centro-Oeste”, conclui Varlese.
O que é e como funciona?
Ao Jornal Opção, o engenheiro eletricista e CEO da Goiás Energia Solar, Daniel Lopes, corrobora o cenário de energia solar em expansão, justamente por causa de seus benefícios – e não só em usinas, mas aderidas individualmente. Mas afinal, o que é e como funciona a geração de energia solar em um usina fotovoltaica?
Conforme Lopes, uma usina fotovoltaica funciona através da captação da irradiação solar pelos painéis solares, que a convertem em energia elétrica. “Essa energia é então transformada de corrente contínua para alternada por inversores solares e distribuída de forma instantânea para uso residencial, comercial ou industrial”, detalha, acrescentando que os benefícios de uma usina assim para a região incluem a geração de energia limpa e renovável, redução da dependência de combustíveis fósseis, baixo custo operacional e criação de empregos.
Para o engenheiro, a geração de energia solar e a tradicional (por hidrelétricas) são complementares dentro do atual cenário energético. Porém, a energia solar ganha destaque, por exemplo, na redução das perdas de transmissão até a chegada ao consumidor, o que diminui também os custos relacionados a esse processo. “Também democratiza o acesso à esta tecnologia, pois é possível instalar pequenas usinas em telhados residenciais, possibilitando uma economia de até 95% na fatura de energia elétrica com um baixo custo de manutenção e retorno do investimento em menos de três anos em média”, destaca.
Lopes responde ainda um típico questionamento: “E na falta de sol?”. Nesse caso em específico, explica, sistemas auxiliares como resistências elétricas ou aquecedores a gás podem ser usados para manter a temperatura ideal da água. “Cada tipo tem suas vantagens e é escolhido com base nas necessidades específicas do projeto ou da aplicação desejada”. Ele enfatiza ainda outra vantagem da energia sustentável, que é a possibilidade de enviar para a rede pública a energia gerada de forma instantânea, converter em créditos e possibilitar o envio destes para outra unidade consumidora do mesmo titular.
Apesar de gerar o que considerado um tipo de energia limpa, contribuindo para a redução de emissões de gases de efeito estufa, Daniel Lopes ressalta que a manufatura e descarte de placas solares, bem como na instalação das usinas, podem trazer impactos como a alteração da biodiversidade e a degradação do solo local. Porém, ainda segundo ele, “medidas mitigadoras podem reduzir esses impactos”.
E quanto custa?
Conforme Daniel Lopes, os custos de instalação e manutenção de um sistema de energia solar podem variar e dependem de fatores como a localização, o tamanho do sistema, marcas utilizadas e a complexidade da instalação. Contudo, discorre o engenheiro, em uma média, os custos de material e instalação para residências no Brasil podem variar entre R$ 10 mil para uma casa pequena com duas pessoas (consumo de 300 kWh) até R$ 40 mil para um sobrado com mais de cinco pessoas (consumo de 2.000 kWh).
“Quanto à manutenção, ela é relativamente baixa e inclui procedimentos simples como a limpeza dos painéis solares, de acordo com a necessidade, além da revisão completa do sistema pelo menos uma vez ao ano”, conta.
Segundo Lopes, o custo total do investimento no gerador de energia solar, somado ao custo médio de instalação e manutenção mínima ao longo de 25 anos, resulta em um valor do kilowatt-hora (kWh) da energia solar de aproximadamente R$ 0,24, “o que é cerca de 300% mais barato que o da energia padrão cobrada pelas distribuidoras no país, no valor de aproximadamente R$ 0,91”.
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