O vice-presidente Michel Te­mer distribuiu a amigos uma ver­são severa sobre uma conversa que manteve, por telefone, no começo da semana, com o candidato do PMDB ao governo paulista, empresário Paulo Skaf, O vice teria exigido que Skaf fi­zesse campanha ao lado de Dil­ma no Estado. Do contrário, não se justificaria o partido ter Temer na chapa presidencial do PT.

Na primeira parte, a ordem de Temer seria uma tentativa de obter tudo do empresário, ou seja, a dominação pelo vice. No outro capítulo, o nada: Skaf acata o chefe ou devolve ao PMDB a candidatura a govenador. Seria um ultimato no sentido do dá ou desce, mas como funcionaria isso? Com toda a experiência de empresário bem sucedido em São Paulo, Skaf se renderia na política?

O questionamento começa por Temer. Ele possui autoridade para dar ordem sumária ao PMDB, mesmo que seja o de seu Estado, São Paulo? Uma das razões de sua volta à presidência do partido não foram negócios eleitorais que comandantes petistas no Nor­deste começaram a fechar no mercado paralelo com o PT?

Além do mais, Skaf, vai sair no grito se tem nas costas dez anos como presidente da poderosa Fiesp – Federação das In­dústrias do Estado de São Paulo? E se Skaf se retirar da disputa, quem o PMDB colocará na vaga em condições de somar seus votos ao do petista Alexandre Padilha e provocar um segundo turno em que um deles concorreria contra a reeleição do tucano Geraldo Alckmin?

A importação de Skaf, vin­do das indústrias, por si é uma prova da carência de lideranças do PMDB em São Paulo. Se o partido ainda tivesse poder no Estado, o candidato a governador seria Michel Temer, que no Palácio dos Bandeirantes estaria mais bem servido do que no Palácio do Jaburu, onde dorme em Brasília o vice-presidente da República.

A penúria de lideranças no PMDB paulista explica porque o partido não disputa o governo do Estado desde 2002, quando concorreu com o deputado e pastor evangélico Lamartine Posella, a quem restou o quinto lugar. O último peemedebista a governar foi Luiz Antonio Fleury, que se retirou do mandato em janeiro de 1995.

O candidato do partido à vaga de Fleury, em 1994, era Barros Munhoz, que ficou em quarto lugar. O governador eleito foi Mário Covas, que inaugurou os 20 anos de domínio do PSDB sobre o Palácio dos Bandeirantes. Em 1998, Orestes Quércia (PMDB) tentou a volta ao governo paulista depois de quatro anos, mas ficou em quinto. Covas foi reeleito.

Desde que Fleury saiu, há 20 anos, a melhor chance para o PMDB é agora, com a possibilidade de Paulo Skaf estar no segundo turno. Ele contraria Michel Temer e se recusa a ser o segundo candidato do Planalto, além de Padilha (PT) porque, em seu espírito empresarial, tem noção de que não será governador sem superar o tucano Alckmin e o petista Padilha.