Eventos climáticos como as inundações em Alagoas e Pernambuco em 2010, Santa Catarina em 2011 ou as chuvas catastróficas deste ano no Rio Grande do Sul mostram que a gravidade desses fenômenos ambientais e sociais devem permanecer no noticiário pelas próximas décadas.

Ao todo, duas pessoas morreram em decorrência dos desastres ambientais, 4 mil ficaram desabrigados e/ou desalojados temporariamente e 29,9 mil foram afetados. Os dados foram compilados através da plataforma Atlas Digital, construída em parceria entre o Banco Mundial e a Universidade Federal de Santa Catarina por meio do Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia e Defesa Civil – Ceped/UFSC.

Além de afetar a vida dos moradores, comerciantes e produtores rurais das regiões atingidas pelas chuvas torrenciais e, consequentemente, as inundações e enchentes, há o prejuízo financeiro e o custo de recuperação das cidades e bens materiais. O levantamento mostra que os custos públicos para ações de resgate e recuperação das áreas atingidas em Goiás beiram os R$ 300 milhões. O estudo aponta ainda que o prejuízo para o setor privado foi superior a R$ 100 milhões.

Professora da Universidade Federal de Goiás (UFG) na área de gestão dos recursos hídricos e Meio Ambiente, Luciana Gonçalves Tibiriçá explica que as enchentes estão relacionadas com as mudanças climáticas e a degradação do meio ambiente.

Goiás tem cidade com alto risco de desastres

Dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio do portal Adapta Brasil — que reúne dados sobre riscos climáticos do País—, revelam que três municípios goianos são considerados de alto risco para inundações, enxurradas e alagamentos. Há ainda seis municípios com risco muito alto de deslizamentos no estado.

O grupo de municípios com alta possibilidade de desastres climáticos são Aragarças, Santo Antônio do Descoberto e Novo Gama, sendo estes dois últimos da Região do Entorno de Brasília. Já as cidades consideradas de alto risco somam 28.

Conceituação

Anualmente, inúmero eventos decorrentes de desastres naturais ocorrem por todo o país, nas quais se inserem as inundações, chuvas catastróficas e deslizamentos. Todos estes
eventos juntos acarretaram na perda de milhares de vidas que ultrapassaram todas as
expectativas às previsões dos sistemas de alerta existentes.

O crescimento acelerado e desordenado das cidades aliado à ausência de planejamento urbano, técnicas de construção adequadas, infraestrutura capaz de conter as enxurradas e ausência de educação básica, sanitária e ambiental, têm sido agentes que podem potencializar essas situações de risco.

A ocupação de encostas sem nenhum critério técnico ou planejamento, bem como a ocupação das planícies de inundação dos principais cursos d´água que cortam a maioria das cidades, têm sido os principais causadores de mortes e de grandes perdas materiais.

Para lidar efetivamente com as enchentes e minimizar seus impactos, é crucial investir em planejamento urbano sustentável, com a implementação de medidas de controle de enchentes, como criação de áreas verdes para absorção de água, a construção de sistemas de drenagem e a adoção de normas rigorosas para o uso do solo. Além disso, é fundamental promover a conscientização da população sobre os riscos associados às enchentes e a importância de medidas preventivas, como o monitoramento climático e o planejamento familiar em caso de evacuação.

Cidade de Goiás e enchente histórica

O município de Goiás, localizado na mesorregião do Rio Vermelho, enfrenta diversos desafios relacionados aos riscos de deslizamento e enchentes. Com uma área de 3.108,018 km² e uma população estimada em cerca de 24.793 habitantes, o município enfrenta desafios decorrentes de sua geologia e localização geográfica. O clima predominante é o típico do Cerrado, com duas estações bem definidas: quente e chuvosa, e fria e seca.

Em relação aos riscos geológicos, destaca-se o problema de deslizamento na região do bairro Vila Cristina. Nessa área, foram identificadas moradias construídas próximas a um corte do terreno que apresenta sinais de movimento de massa. Trincas nas paredes das casas, afundamento do solo e inclinação de árvores indicam a instabilidade do terreno.

Quanto às enchentes, a cidade é afetada pelo Rio Vermelho e pelo Córrego Manoel Gomes, especialmente na região do centro histórico. As inundações nessa área apresentam um período de recorrência muito grande, com grandes eventos registrados a cada década.

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