Eduardo Leite aciona MP para denunciar homofobia de Jean Wyllys

16 setembro 2023 às 11h18

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O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), acionou o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) nesta quinta-feira, 15, para denuniciar o ex-deputado federal Jean Wyllys (PT) por homofobia. A Promotoria de Justiça Criminal de Porto Alegre vai investigar Jean pelo crime de injúria contra o governador após ele ter chamado Leite de “gay com homofobia”.
Em julho deste ano, os dois discutiram na rede social “X” (antigo Twitter) e Eduardo Leite acionou o Ministério Público. Na ocasião, após o gaúcho ter decidido manter as escolas cívico-militares, na contramão do governo federal, Wyllys disse que Leite sofria de “homofobia internalizada”, em referência a sua orientação sexual (confira abaixo).
Eduardo foi à rede social anunciar que manteria as escolas cívico-militares na rede estadual gaúcha. Wyllys reagiu e foi rebatido pelo governador. Após ser respondido, o ex-deputado federal continuou postando críticas indiretas a políticos conservadores. Em um de seus tuítes, ele disse que “quem votou, apoiou, financiou ou associou-se a Bolsonaro em 2018 estava do lado dos assassinos de Marielle Franco. Não respeito nem perdoou (só quem pode perdoar é Deus) essa gente!”.
Ao acionar o MP, o governador afirmou que tomou a atitude de representar em outras ocasiões em que sofreu “ataques homofóbicos” e citou os casos que ocorreram com o ex-deputado Roberto Jefferson e o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Jean Wyllys dispara também ataques a uma decisão que eu tomei como Governador. Ele pode não concordar, ter outra visão, mas tenta associar essa decisão a minha orientação sexual e até a preferências sexuais. Por isso, entrei com uma representação contra ele, por um ato de preconceito, de discriminação, de homofobia”, disse o governador.
Para a promotora de Justiça Claudia Lenz Rosa, com esta atitude, o petista injuriou o governador “ofendendo-lhe a dignidade e o decoro, em razão de sua orientação sexual”.
“Na ocasião, sob o pretexto de criticar um anúncio feito pela vítima, na condição de Governador do Estado do Rio Grande do Sul, de que iria manter o modelo estadual de escolas cívico-militares, o denunciado usou a mencionada rede social para fazer uma postagem ofensiva à orientação sexual da vítima (…) Ao dirigir sua crítica a atributos pessoais da vítima, relacionados à sua orientação sexual, quando poderia limitar-se a crítica do fato, objeto da inconformidade, o denunciado extrapolou a liberdade de expressão e atingiu deliberadamente e com animus injuriandi (intenção de injuriar), a honra subjetiva da vítima” , diz a promotora.
Jean Wyllys havia saído do Brasil por homofobia
No começo de 2019, o ex-deputado federal Jean Wyllys (PSol) renunicou ao mandato no Congresso Nacional após sofrer ameças de morte. O parlamentar publicou nas redes sociais uma mensagem, agradecendo aos seguidores, e dizendo que manter-se vivo “também é uma forma de resistência”. Jean deixou o Brasil sem data de retorno.
O parlamentar estava sob escolta da polícia desde o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol), no Rio de Janeiro. Eleito com 24 mil votos para o terceiro mandato, Jean disse que não pretendia retornar ao Brasil. Além de ameaças feitas por grupos de milicianos, o parlamentar também é alvo de grupos conservadores, que o atacam pelas redes sociais diariamente. O político também é um dos maiores alvos de notícias falsas espalhadas pela internet.
Após quatro anos, ele retornou ao país em julho de 2023 e sua chegada foi celebrada pela primeira-dama Janja Lula da Silva.