As recentes eleições municipais no Brasil não trouxeram sucesso para os 48 candidatos detidos por envolvimento nos ataques golpistas de 8 de janeiro. Apesar de terem concorrido, nenhum deles conseguiu uma cadeira nas câmaras municipais ou nos cargos de prefeito e vice-prefeito.

Um levantamento realizado pela Folha de S.Paulo mostrou que, entre os 1.406 indivíduos detidos após os atos de vandalismo em Brasília, 25 dos candidatos ainda podem ocupar cargos públicos, uma vez que conquistaram a suplência de vereador. Esses detentos estavam entre os que participaram dos ataques a instituições como o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF.

Os dados revelam que apenas dois candidatos disputaram a prefeitura e um a vice-prefeitura, enquanto 45 buscaram vagas na câmara de vereadores em diversas cidades. A Professora Sheila Mantovanni, que concorreu à prefeitura de Mogi das Cruzes (SP), obteve apenas 0,66% dos votos, enquanto Fabiano Silva, que se lançou para comandar Itajaí (SC), ficou com apenas 0,26%.

Três dos candidatos não puderam ser votados, pois foram considerados ineptos antes do pleito. Marcos Felipe Bastos, candidato a vice-prefeito de São Mateus (ES), e David Michel Mauricio, que usou o nome “patriota preso” em sua candidatura a vereador em Paranaguá (PR), são exemplos dessa situação. Michely Paiva, que também buscava uma vaga em Limeira (SP), teve sua candidatura indeferida.

O PL, partido de Jair Bolsonaro, destacou-se como o que mais teve postulantes entre os candidatos detidos, com 16 representantes. Outros partidos de direita, como Republicanos, PP e Novo, além de legendas menores como DC e Mobiliza, também contaram com candidatos desse grupo.

Embora muitos dos detidos respondam a acusações graves, como terrorismo e golpe de Estado, não há impedimentos legais para suas candidaturas. Isso ocorre porque, até o presente momento, eles não foram julgados ou condenados pelo Supremo Tribunal Federal.

Os casos não se encaixam nos critérios da Lei da Ficha Limpa, que limita a elegibilidade apenas para condenados em segunda instância. Portanto, a perda de direitos políticos só ocorrerá após a decisão final sobre suas condenações.

Ainda assim, medidas restritivas, como prisões preventivas ou o uso de tornozeleiras eletrônicas, podem comprometer o exercício das funções públicas caso esses candidatos sejam convocados para assumir seus mandatos.

Leia mais Base governista consegue maioria na Câmara de Goiânia;