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Ex-deputado José Genoino, condenado no processo do mensalão: doença arranjada está complicando saída da cadeia

Como se fosse um bom conselheiro, o ministro Roberto Barroso ajudou a derrubar no Supremo Tribunal Federal o pedido de prisão domiciliar do ex-deputado José Genoino, mas sugeriu que ele peça para trabalhar fora do presídio. Seria mais uma maneira de passar pelo menos o dia fora da cela na Papuda. No entanto, o ministro não notou o disparate de sua proposta.

Como novo relator no Supremo dos recursos dos mensaleiros, Barroso, há um ano no tribunal, esqueceu que um pedido de Genoino para trabalhar fora seria a desmoralização do ex-presidente do PT na época do mensalão. Desde a prisão em novembro de 2012, Genoino tenta sair da cela sob a alegação de que a cardiopatia o impede de trabalhar. E agora, pode pedir para trabalhar?

A vida de Genoino complicou ainda mais desde que surgiu a história da doença ao ser preso. A complicação se iniciou em setembro do ano passado ao seguir outro conselho, de advogados espertos: pedir aposentadoria como deputado por invalidez provocada pelas coronárias. Levaria para casa o salário integral de deputado na época, R$ 26.723,13.

A direção da Câmara reuniu uma junta médica e pediu um parecer sobre a invalidez do deputado, não constatada. Outras juntas vieram e mantiveram o laudo, inclusive quanto à necessidade de prisão domiciliar. Veio o novo conselho, de Barroso, na última quarta-feira.
O ministro ainda lembrou que basta a Genoino esperar pelo 25 de agosto, quando cumprirá um sexto de sua pena de quatro anos e oito meses de prisão por corrupção. Teria então direito a progressão pa­ra o regime aberto, que o levaria pa­ra casa sem necessidade de arrumar em­prego. Apenas dois entre 10 mi­nis­tros votaram com Genoino, Ri­cardo Lewandowski e Dias Toffoli.

Quem sabe se Genoino, na pressa em ir para a casa, aventura-se a colocar em risco a reputação e arruma um emprego? Talvez se anime, agora que cinco mensaleiros poderão assumir trabalho externo nesta semana, autorizados pelo Supremo? Os cinco voltarão à prisão apenas para dormir.

Genoino que veja saírem para o trabalho os companheiros José Dirceu e Delúbio Soares, na companhia de dois ex-deputados, o paulista Valdemar Costa Neto, ainda líder do PR; e o pernambucano Pedro Corrêa, do PP. Com eles, Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL, que depois Neto transformou em PR.