Arthur do Val renuncia a pré-candidatura ao governo de SP após chamar ucranianas de “fáceis”
05 março 2022 às 12h30
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Deputado também perdeu a namorada, pode ser processado na Assembleia Legislativa e será investigado pelo Podemos pelas palavras sexistas
O deputado estadual Arthur do Val (Podemos) desistiu da pré-candidatura ao governo de São Paulo. Ele já encaminhou o comunicado à presidente do partido, Renata Abreu.
O político, também conhecido como Mamãe Falei, retornou da Ucrânia, na madrugada deste sábado, 5, onde tinha ido prestar apoio à resistência no país, juntamente com o coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan Santos.
Porém, o vazamento de um áudio em que chamou as ucranianas de “fáceis por serem pobres” mudou o rumo das coisas – e de sua carreira pública.
Até o momento, Arthur do Val já recebeu uma nota de repúdio do Podemos, perdeu o apoio e palanque do presidenciável da sigla, o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (Podemos), a namorada Giulia Blagitz, e ainda deve responder no Conselho de Ética da Assebleia Legislativa de São Paulo (Alesp), inclusive com o apoio da ex-embaixatriz da Ucrânia, Fabiana Tronenko.
No seu retorno ele admitiu que as falas são machistas e disse que foi um “erro em um momento de empolgação”. O político também é um membro do MBL, estava na Ucrânia na Zona de Guerra com a Rússia durante o recesso do Carnaval para auxiliar na produção de coquetéis molotov para o Exército Ucraniano. Foi justamente durante este período que o político “conheceu” as mulheres ucranianas.
“Eu estou mal, eu passei agora por quatro barreiras alfandegárias, são duas casinhas em cada país. Eu juro para vocês, eu contei, foram 12 policiais deusas, que você casa e faz tudo o que ela quiser”, disse o deputado em um dos áudios vazados pelo jornal Metrópoles ao qual o Jornal Opção teve acesso.
Foi neste momento que o político soltou a frase sexista para os seus amigos. “Detalhe, hein. Elas olham e, vou te dizer, elas são fáceis, porque são pobres. E aqui, a minha conta do Instagram, cheio de inscritos, funciona demais. Não peguei ninguém, porque a gente não tinha tempo, mas colei em dois grupos de ‘minas’ e é inacreditável a facilidade. Essas ‘minas’ em São Paulo, você dá bom dia, ela ia cuspir na sua cara e aqui elas são supersimpáticas e super gente boa, é inacreditável”, acrescentou o político.
No seu retorno, Val classificou os áudios como “errados”. “Não é isso o que penso, o que eu falei foi um erro num momento de empolgação e pronto”, disse o deputado no seu retorno.
Todas as falas foram repudiadas, tanto pelos seus correligionários, quanto por deputados da Alesp, que criticaram a fala. A deputada Isa Penna (PSOL), inclusive, disse que fará uma denúncia contra o político no Conselho de Ética da Casa.
“Absolutamente todos os dias um homem com poder faz um escárnio imensurável de violência e misoginia. É essa pessoa que vocês querem que a gente conviva no parlamento? Estou agora entrando com uma representação jurídica contra o Arthur com as advogadas Isabela Del Monde, Maira Recchia, Gabriela Araújo e Priscila Pamela dos Santos”, afirmou Isa.
Moro também negou palanque ao governadoriável. Disse que rompeu com o seu correligionário e reiterou que não estarão no mesmo palanque. “Jamais dividirei meu palanque e apoiarei pessoas quem têm esse tipo de opinião e comportamento. Espero que meu partido se manifeste brevemente diante da gravidade que a situação exige”, disse Moro.
O Podemos também deve investigar as falas.