Para Fábio Sousa, proposta pode gerar revolta na sociedade, ainda que tenha poucas chances de ser aprovada

Deputado federal Fábio Sousa (PSDB-GO)| Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

Matheus Monteiro

O deputado federal Fábio Sousa (PSDB-GO) criticou a nova Reforma Política que está em análise por uma comissão especial na Câmara Federal desde a última terça-feira (18/4). Em entrevista ao Jornal Opção, o parlamentar definiu a proposta como “esdrúxula”. “É uma viagem na maionese”, reclamou, citando o deputado Vicente Candido (PT-SP), relator da comissão.

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Dentre os pontos discutidos, estão mudanças radicais na forma de escolha de deputados, com a proposta de lista fechada, onde os partidos definem previamente os nomes que estarão na disputa, e o eleitor vota no partido. Além disso, está em debate o financiamento das campanhas e condução do processo eleitoral.

De acordo com Fábio Sousa, com a nova proposta o cidadão vai pagar indiretamente mais caro pelas campanhas, com mais chances de não ver eleito quem escolheu na urna. “O projeto pede quase R$ 2 bilhões para fundo eleitoral para um país em crise. A sociedade evidentemente não vai gostar, e com razão”, explicou. O projeto propõe a criação de um Fundo Especial de Financiamento da Democracia (FFD) cujo valor, para 2018, será de R$ 1,9 bilhão para as campanhas eleitorais.

Questionado sobre o fato de a comissão ser comandada por dois investigados com base nas delações da Odebrecht, o deputado disse não ver problemas ainda. “Isso infelizmente vai acontecer, mas ser investigado não significa ser réu. Quem se tornar réu deve ser afastado com certeza”, disse.

A análise da comissão ocorre em paralelo à PEC 282/16, do Senado, que também trata de reforma política-eleitoral e está com análise em curso na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) e será votada na próxima semana.

Segundo o deputado, a proposta da Senado é mais plausível, ainda que erre ao tratar da fidelidade partidária. “Não acho que ninguém tem que se tornar escravo do partido”, explicou ao criticar o ponto que prevê a perda de mandato dos políticos eleitos que se desliguem dos partidos pelos quais disputaram os pleitos.

Os pontos positivos, segundo ele, são o fim de coligações em eleições proporcionais e o fato de os partidos que não atingirem requisitos mínimos de desempenho eleitoral também serem obrigados a ter uma estrutura menor na Câmera. “Não temos tantas ideologias para tantos partidos”, justificou.

De mesma opinião, o deputado Thiago Peixoto (PSD-GO) acredita que a proposta que já foi aprovada pelo Senado é a única possível de ser aprovada. “[A proposta do Senado] faz mudanças de forma gradual, é algo mais razoável. A da Comissão Especial, se vier do jeito que estão falando, com voto em lista, vai ser mais difícil”, justificou.