Para arquiteto e urbanista Paulo Renato, Goiânia sofre mudanças muito profundas

A Câmara Municipal de Goiânia tem intuito de concluir a discussão do plano diretor ainda no mês de maio, para que seja colocado em votação. Para interpretar e avaliar os projetos encaminhados pela Prefeitura de Goiânia em 2018, o legislativo contratou uma equipe de consultores. O plano diretor, que deveria ser revisado a cada 10 anos, de acordo com o Estatuto da Cidade, já se arrasta há quatro anos em Goiânia.

Para Renato Alves, arquiteto e urbanista que faz parte da equipe de consultores da Câmara, alerta para que o PL023 seja votado com prioridade para que o novo plano diretor entre em vigor. “Quem compara a cidade entre 2010 e 2020 percebe que ela é quase outra. Hoje em um ou dois anos você vê mudanças profundas na cidade. Esse atraso na aprovação do Plano prejudica o município, que está sem diretrizes e sem parâmetros para seu crescimento”, informa o consultor.

Pontos principais

Um dos pontos que, segundo a avaliação de Paulo Renato, é dos mais importantes, é sobre o controle de densidade. De acordo com ele, na proposta do legislativo municipal encaminhada ao executivo no final do ano passado, o cálculo define que cada prédio poderá ter, independente da metragem, um número x de unidades. “Com isso, a tendência é que o mercado imobiliário construa apartamentos maiores nos terrenos mais caros, que são os mais centralizados, expulsando a população que não pode pagar por eles para bairros mais distantes”, esclarece.

Segundo o urbanista, o ideal é que o cálculo defina um total de metros que se pode construir para que sejam distribuídos no projeto para favorecer apartamentos menores em regiões mais nobres. “Além de ser mais democrático, é uma tendência de moradia, já que as famílias estão diminuindo”, afirmou.

Outro ponto é a permissão para edifícios sem garagens. “Parece um retrocesso, mas não é, pois cresce o número de famílias que já estão abrindo mão do automóvel. Em São Paulo, a legislação já avançou nesse sentido”, explica. Para ele, a medida vem ao encontro do mapa de adensamento da cidade e parte do princípio de que as pessoas que moram perto de eixos podem ir à pé ou pegar transporte público com facilidade, e que os carros chegam mais rápido por meio de corredores estruturantes. “Isso inclusive se traduz numa cidade mais compacta”, afirma Paulo