Grupo de corrida para mulheres vira rede de apoio e diversifica prática esportiva, em Goiânia

30 junho 2025 às 17h31

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Criado como uma simples ideia para que mulheres pudessem correr com mais segurança em Goiânia, o grupo ‘Peloteiras’ cresceu e se tornou uma grande rede de apoio, amizade, e diversificação esportiva, impactando a vida das integrantes do grupo. A iniciativa teve sua primeira semente em Londrina mas, floresceu em Goiânia.
Ao Jornal Opção, Eduarda Raineri, uma das fundadoras do grupo, afirmou que enquanto morava em Londrina, em 2019, tinha certo receio de correr sozinha e pensou: “Mulheres poderiam se conhecer para correrem juntas”. A ideia, no entanto, não avançou na época.
Já em 2023, já morando em Goiânia, Eduarda teve o mesmo pensamento por conta do horário em que corria, por volta das 5h da manhã, e a ideia finalmente saiu do papel. Eduarda criou um grupo para mulheres de todas as regiões da cidade para que elas pudessem correr juntas. O objetivo era simples: evitar que as mulheres deixassem de treinar por medo de estar sozinha em alguns horários do dia.
Eduarda explica que por ser uma corredora mais avançada, que pratica o esporte há mais tempo, ela entendeu que iniciantes poderiam não se identificar com ela e, por conta disso, resolveu chamar Luíza Dumont para se juntar ao projeto.
“A Luiza estava começando a correr e pedia muitas dicas”, explicou. Elas, então, criaram um grupo de WhatsApp para que meninas tivessem espaço para ouvir opiniões de verdade sobre equipamentos, experiências sem precisar pagar, o que é comum na internet.
O crescimento do grupo foi exponencial e orgânico. A principal dificuldade, a princípio, era atingir mulheres de diversos bairros. A solução, então, foi criar uma conta no Instagram para o grupo, este que teve um crescimento explosivo. “Na semana que criamos o Instagram, lotamos a comunidade do WhatsApp que é para 2 mil pessoas”, explicou.
Com o crescimento rápido, Eduarda foi forçada a criar minigrupos para diferentes regiões da cidade para facilitar a comunicação e os encontros entre as corredoras.
Diversificação
O tempo de Peloteiras fez Eduarda perceber que a demanda ia além das corridas. “Existia uma demanda das mulheres de praticarem outros esportes também”. Isso, segundo ela, ocorria pois muitas mulheres sentiam falta de esportes que praticavam, como vôlei e handebol, mas não encontravam companhia para montar times.

Para solucionar a questão, uma nova comunidade foi criada para a prática de diversos esportes. Enquanto a comunidade de corrida é dividida por setores, a de esporte é segmentada por modalidades. Atualmente, as opções incluem vôlei, futebol, beach tennis, basquete e natação.
Isso serviu, também, para introduzir mulheres em novas atividades. Uma das ‘Peloteiras’, Laryssa Damasceno, explica que a comunidade teve um papel fundamental na sua introdução em esportes. “Fiz trilha pela primeira vez com o grupo. Nesse evento foram mais de 60 mulheres e o mesmo aconteceu com o beach tennis, muita gente nunca tinha jogado na vida e foram quase 100 pessoas jogar”, explica.
Essa introdução é importante para Eduarda que pretende, no futuro, “criar mais espaços para as mulheres poderem praticar esporte”. Para ela, o Esporte “é essencial para a saúde mental”.
Rede de apoio
A comunidade transcendeu seu propósito inicial de encontros para corredoras e se tornou uma rede de apoio e amizade. Os grupos de WhatsApp são “super unidos, conversam o dia inteiro e combinam de treinar junto”.

Laryssa, que entrou no grupo há mais de um ano, afirma que hoje as Peloteiras são suas grandes amigas. “Para mim o grupo hoje é amizade. A maioria das amigas que tenho na minha vida são peloteiras”.
Para Laryssa, sua entrada no grupo mudou sua rotina e autoestima. Ela relata que não era muito ativa e, através da corrida começou sua vida esportiva. Além disso, a divisão em minigrupos facilitou os encontros. “Às vezes estou sozinha e não quero sair sozinha, então marco com as meninas algo aqui na pracinha próxima da minha casa e vou lá apenas ver elas, mas acabo correndo”.
“Eu fui me conhecendo na vida esportiva, coisa que não tive oportunidade antes. Hoje em dia me identifico como alguém que gosta de praticar esporte, coisa que eu não acreditaria que poderia ser. Eu sempre achei que eu era uma pessoa que nasceu para ser sedentária”, completou.
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