Esquema teria beneficiado a atual ministra da Secretaria de Governo e seu marido, então governador do DF

Foto: Reprodução / Câmara dos Deputados

Flávia Arruda (PL-DF) foi a deputada federal escolhida por Bolsonaro na última terça-feira, 6, para o cargo de ministra da Secretaria de Governo, pasta que cuida da articulação política e da relação com o Congresso. Sob os holofotes da atenção pública, volta à tona uma investigação do Ministério Público Federal de seu marido e então governador do DF, José Roberto Arruda, e que implica a própria Flávia Arruda.

Em outubro de 2009, Durval Barbosa, um ex-assessor de José Roberto Arruda, contou às autoridades que a “ONG Instituto Fraterna” que era comandada por Flávia Arruda e que funcionava no mesmo endereço do escritório político do marido, se beneficiava de um esquema de corrupção. Contra o ex-governador, o delator entregou um vídeo em que José Roberto Arruda aparece recebendo um maço de notas e disse que o governador mandava repassar parte de propina arrecadada com empresas para uma ONG presidida por Flávia. Contra a primeira-dama, não apresentou nenhuma prova.

Segundo a segundo a revista Veja, a Polícia Federal chegou a fazer buscas na sede do instituto. Em um relatório, os agentes registraram ter encontrado apenas móveis vazios e gavetas reviradas, além de um sistema de videocâmeras sem a central de gravação. A quebra de sigilo bancário da ONG, que funcionou por apenas oito meses, mostrou a entrada de quase 1 milhão de reais nas contas da ONG, sendo 228 000 reais em depósitos em dinheiro.

Flávia não foi formalmente investigada por “falta de indícios suficientes” para processá-la, segundo promotores do DF. Ela e o marido nunca foram indiciados ou ouvidos. O ex-governador foi condenado a onze anos de prisão por corrupção e falsidade ideológica em dois outros processos, mas recorre em liberdade. 

Contexto político

A nomeação de Flávia Arruda para o cargo de ministra da Secretaria de Governo atende às demandas do PL de Valdemar Costa Neto, que, há tempos cobrava uma pasta na Esplanada dos Ministérios. Com 42 deputados, o PL é um representante do Centrão, grupo político com o qual Bolsonaro prometeu não negociar durante sua campanha.