De consternação a resignação. Essas foram as reações por parte de vereadores do Solidariedade após a operação da Polícia Civil de Goiás que teve como alvo o presidente estadual do partido e secretário de Infraestrutura de Goiânia, Denes Pereira, deflagrada nesta quarta-feira, 5, com o objetivo de apurar fraude em licitações e contratos, corrupção ativa, corrupção passiva, constituição de organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Conforme a polícia, foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão, sendo um na sede da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), oito em sedes de empresas e 10 em casas de pessoas físicas “notadamente de sócios administradores e funcionários de empresas e de funcionários públicos municipais investigados”. Um desses mandados foi justamente cumprido na casa de Denes, apontado como o responsável pelos contratos celebrados com as empresas investigadas.

Ao Jornal Opção, o vereador Joãozinho Guimarães defendeu que as investigações ocorram de “maneira imparcial”. O parlamentar disse que a Lei deve ser cumprida, mas que não deseja “prisão ou crucificação para ninguém”. “Até que se prove o contrário, Denes Pereira é inocente. É um bom secretário, trabalha muito. Não é fácil ocupar a função dele. O secretário coloca seu nome em sacrifício para o trabalho ser feito. Acho uma pena, porque Goiânia não merece parar. A cidade é quem fica no prejuízo, a sociedade também. Às vezes, a culpa é do processo burocrático”, afirmou o vereador.

Já Welton Lemos, também do Solidariedade (o vereador, inclusive, se licenciou da Câmara por motivos particulares, sendo substituído pelo suplente, o vereador Kilão), disse que a “investigação é natural”, mas que, até o momento, não há provas que corroborem as suspeitas contra Denes. “A gente não é contra [a investigação] hora nenhuma, mas não tem nada que prove coisa de corrupção”, afirmou.

Sede da Seinfra, em Goiânia | Foto: divulgação/PC

O parlamentar licenciado levantou ainda a hipótese de haver uma perseguição em curso contra o presidente do Solidariedade, se referindo a ele como o “braço mais forte no Paço Municipal”. O vereador Léo José foi outro que sinalizou acreditar nessa tese. “O Denes é um cara bom, não fez nada de errado. É segunda vez que tem essa operação contra ele e não acham nada”, comentou.

Conforme apurado pela reportagem, a Operação Transata, como foi batizada, pegou boa parte dos vereadores de surpresa. Outros, reagiram com resignação, como se estivessem esperando um desdobramento da última operação ocorrida em março deste ano, também com o objetivo de apurar fraudes em licitações, e que culminou nas saídas do então presidente da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), Alisson Borges, e da Agência Municipal do Meio Ambiente, Luan Alves.

Vale destacar que Denes é considerado um dos maiores aliados de Rogério Cruz e preside a legenda da qual o prefeito integra – e que, inclusive, banca o projeto de reeleição do chefe do Executivo municipal.

Porém, com a operação de hoje, Cruz decidiu anunciar o afastamento do secretário. “Convoquei o secretário Denes para uma conversa. Como era um fato já ocorrido anteriormente, foi decidido a pedido dele o afastamento para que ele mesmo pudesse acompanhar todo o processo junto às autoridades. Os nomes citados também serão afastados”, disse, durante coletiva de imprensa.

A exoneração de Denes Pereira, “a pedido”, foi publicada na edição desta quarta-feira no Diário Oficial do Município. Em seu lugar, assumiu a Seinfra de forma interina o secretário-executivo da pasta, Alexandre Garces.

Em nota enviada nesta manhã, a Prefeitura de Goiânia informou que “colabora integralmente com a Polícia Civil e aguarda os desdobramentos das investigações da operação”. “A administração contribui com o acesso das equipes policiais aos locais visitados para a coleta de equipamentos ou documentos e reúne informações sobre o objeto das investigações para prestar todos os esclarecimentos com transparência”, completou.

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