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Em meio à redução dos casos de dengue em Goiás este ano, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) reforçou, nesta quarta-feira, 18, um alerta para a população: o combate ao mosquito Aedes aegypti deve continuar, mesmo durante o período de seca. Segundo a SES, neste ano o estado já contabiliza 64.302 casos confirmados de dengue, além de 44 óbitos confirmados e outros 67 casos de mortes ainda em investigação. 

Embora o número de notificações tenha apresentado queda de 73% em relação ao mesmo período de 2024, autoridades de saúde destacam que a batalha contra a doença ainda está longe de ser vencida e que os criadouros, agora, concentram-se principalmente dentro das residências.

Casos recentes reforçam essa preocupação. A internação do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, com suspeita de dengue e gastroenterite, e o falecimento de Amanda Lima, jovem de 23 anos residente em Aparecida de Goiânia, ocorrido nesta semana, ilustram os riscos contínuos e reais que a doença ainda representa para a população goiana.

Cuidados durante período de seca

A subsecretária de Vigilância em Saúde da SES-GO, Flúvia Amorim, fez um alerta sobre os cuidados necessários durante o período de estiagem, que se estende de maio a setembro. Segundo ela, “o período chuvoso, que compreende os meses de outubro a abril, é quando temos alta oferta de criadouros, porque qualquer depósito que acumule água por mais de cinco dias pode se transformar em um criadouro”. 

De acordo com a gestora, durante os meses secos, o perfil dos criadouros muda. Se antes o grande vilão era o lixo acumulado em áreas externas e lotes baldios, agora o foco de preocupação são os ambientes domésticos. “É a caixa-d’água sem tampa, a piscina que não é tratada, a vasilha de água dos animais, o pratinho embaixo das plantas, o vaso sanitário que não é utilizado. Todo local que acumule água por mais de cinco dias e que não seja tratado ou descartado pode se tornar um criadouro”, explicou Flúvia Amorim.

Embora os indicadores mostrem um cenário melhor do que o do ano passado, a SES-GO reforça que isso não significa que o problema esteja controlado. “Mesmo tendo diminuição, ainda temos casos de dengue acontecendo, ainda temos óbitos por dengue acontecendo, então é muito importante que cada um entenda qual é o seu papel no controle desse vetor, do mosquito Aedes aegypti, mesmo sem chuva”, frisou a subsecretária.

Vacinação contra a dengue

Além das medidas de eliminação de criadouros, a Secretaria de Saúde também está intensificando a vacinação contra a dengue. A campanha está voltada para o público de 6 a 16 anos, com a recomendação de que aqueles que já receberam a primeira dose retornem aos postos para completar o esquema vacinal.

“São duas doses para ter uma proteção máxima, então quem tomou a primeira dose precisa retomar para tomar a segunda com 90 dias de intervalo. É importante que as pessoas se imunizem o quanto antes e mantenham o seu cartão de vacinas atualizado, seja para a dengue, influenza ou Covid, para que mesmo que tenhamos uma nova onda ou uma nova sazonalidade, que vai começar em outubro, essas crianças e adolescentes já estejam protegidos”, orientou Flúvia.

As ações da SES-GO, no entanto, vão além da imunização. Uma das estratégias prioritárias no período de seca é a capacitação de profissionais de saúde que atuam diretamente no controle de endemias nos municípios. Os agentes de saúde recebem treinamento para intensificar as visitas domiciliares e identificar possíveis focos do mosquito. Paralelamente, a pasta também faz o levantamento da quantidade de inseticidas e larvicidas necessários para o período de pico, que tradicionalmente ocorre nos meses chuvosos.

Outro destaque nas ações de combate à dengue é a recomendação para que os municípios realizem o chamado “bloqueio” de casos suspeitos. Conforme detalhou Flúvia Amorim, essa técnica consiste em pulverizar um raio de 100 metros ao redor da residência de cada paciente notificado, utilizando bombas costais para eliminar os mosquitos adultos presentes na região. “Uma equipe realiza a pulverização e outra retira todo e qualquer criadouro encontrado. Dessa forma, conseguimos chegar ao período chuvoso com o menor número possível de criadouros e menos doenças sendo transmitidas”, explicou.

A preocupação durante a estiagem não é apenas com os focos visíveis. A SES-GO lembra que os ovos do Aedes aegypti podem sobreviver até 365 dias sem contato com a água, aguardando apenas o primeiro momento de chuva para eclodirem. Por isso, a orientação é que a população mantenha uma rotina constante de cuidados, evitando o acúmulo de água em qualquer recipiente.

Entre as recomendações mais enfatizadas pela Secretaria estão: tampar caixas-d’água, limpar calhas regularmente, tratar piscinas mesmo quando fora de uso, vedar vasos sanitários desativados e manter vasilhas de animais sempre limpas e secas. Além disso, é essencial remover do quintal objetos como pneus, latas, garrafas e brinquedos que possam acumular água.

A subsecretária Flúvia Amorim reforçou que, apesar da diminuição dos casos, a dengue segue como uma ameaça à saúde pública em Goiás. “Estamos em um cenário melhor, mas não podemos baixar a guarda. A prevenção é uma responsabilidade de todos”, finalizou.

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