O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se prepara para investigar os motivos por trás das elevadas taxas de abstenção nas eleições de 2024, com o objetivo de reduzir o índice de não comparecimento em 2026. A presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, anunciou a medida ao avaliar o balanço do segundo turno, que registrou um salto nas ausências, passando de 21,68% no primeiro turno para 29,26% no segundo.

A pesquisa será realizada em colaboração com os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs), e um relatório deve ser divulgado antes da diplomação dos eleitos, em dezembro.

O aumento de abstenção entre o primeiro e o segundo turnos é uma tendência comum nas eleições brasileiras, mas a alta registrada em 2024 é alarmante. Com 29,26% de eleitores ausentes no segundo turno, este foi o segundo maior índice já registrado em um segundo turno no Brasil, superado apenas pelas eleições de 2020, realizadas em meio à pandemia de COVID-19, quando a abstenção alcançou 29,5%.

Segundo a ministra, além do descontentamento dos eleitores com os candidatos finalistas, outros fatores específicos de cada região contribuíram para o aumento das ausências.

“Há um aumento de abstenção no segundo turno. Tivemos casos climáticos, outros problemas. Vamos verificar e ver o que podemos aperfeiçoar. Vamos ter que apurar em cada local e trabalhar com os dados”, afirmou Cármen Lúcia.

Amazonas e Porto Velho ilustram desafios locais

Casos específicos ressaltam como a abstenção nas eleições pode variar amplamente de acordo com as condições locais. Em Manaus, capital do Amazonas e a única cidade do estado com segundo turno, as abstenções ficaram abaixo da média nacional, com 23,61% dos eleitores não comparecendo, em comparação a 19,94% no primeiro turno.

A baixa dos rios, que impacta o transporte, gerou preocupações iniciais, mas Cármen Lúcia ressaltou que o apoio local foi decisivo para evitar um aumento mais acentuado nas ausências.

Já em Porto Velho, a chuva intensa no dia da eleição elevou as abstenções, especialmente entre eleitores idosos, que têm a opção de voto facultativo. A capital rondoniense registrou uma taxa de 30,63% de ausência no segundo turno, superando em mais de 10 pontos percentuais o índice do primeiro turno.

Dados das justificativas 

Outro ponto destacado pelo TSE foi o aumento nas justificativas de ausência pelo aplicativo e-Título, que tem ajudado eleitores a justificarem suas ausências com maior praticidade. Durante o segundo turno, o e-Título recebeu mais de 740 mil justificativas de eleitores que estavam fora de seus municípios de votação, além de 83.363 justificativas de eleitores que se encontravam no exterior.

O uso crescente do e-Título para justificativas reflete uma adaptação às novas tecnologias e a facilidade proporcionada pela Justiça Eleitoral para que o eleitor regularize sua situação, mesmo que esteja fora do domicílio eleitoral no dia da votação. 

Com relação à integridade do processo de votação, o TSE também divulgou informações sobre as substituições de urnas eletrônicas. No segundo turno, apenas 171 urnas foram trocadas, representando um índice de 0,12% das mais de 97 mil urnas usadas. No primeiro turno, esse índice foi de 0,63%, e não houve necessidade de votação manual em nenhuma seção eleitoral.

A pesquisa anunciada pela ministra Cármen Lúcia se baseará em dados de todas as regiões e buscará, junto aos TREs, identificar os principais entraves ao comparecimento eleitoral. A expectativa é que o levantamento ajude o TSE a desenvolver estratégias regionais mais eficazes para encorajar a participação. Além disso, o relatório final deverá oferecer recomendações que poderão influenciar na condução das próximas campanhas eleitorais, incluindo questões de logística, acessibilidade, e uma comunicação mais eficaz para com os eleitores.

“Amanhã recomeçamos os trabalhos até porque os trabalhos são incessantes e as eleições sigam sendo serenas”, finalizou Cármen Lúcia.

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